O fisiculturismo é um esporte que exige muito dos atletas. Marcela Fonseca, uma fisiculturista da categoria Bikini, superou desafios ao participar desse esporte, mesmo após ter realizado uma artroplastia de quadril há cerca de três anos.
Em entrevista, Marcela relatou que a cirurgia foi necessária após anos de dor na região do quadril. Aos 23 anos, ela foi diagnosticada com artrose, uma condição degenerativa que afeta a cartilagem e causa desgaste ósseo. Apesar desse desafio, ela estreou nos palcos de competições no ano passado.
Ela compartilha: “Pensava: ‘Será que consigo?’ Não existe isso. É querer”. Atualmente, após competições, ela busca construir uma carreira no esporte: “Depois que comecei a competir, criei gosto e amor”.
Ao descobrir a artrose, há cerca de sete anos, Marcela não considerou a prótese de imediato, pois já havia aprendido a lidar com as dores e temia as limitações decorrentes da cirurgia. O médico que a atendeu chegou a dizer que sua vida mudaria radicalmente: “Você não vai conseguir correr nem fazer agachamento”.
“Um médico até me sugeriu trocar de área quando eu disse que era formada em educação física”.
Apesar de aprender a lidar com a dor, o desconforto aumentou ao longo do tempo. Decidiu, então, colocar a prótese aos 27 anos, ao perceber que não conseguia realizar praticamente nada.
O pós-cirúrgico
Após a cirurgia, Marcela ficou mais de dois meses sem treinar, o que foi um período longo para ela, que começou a praticar musculação aos 14 anos. O médico Marco Aurélio Neves recomenda que pacientes sigam um programa de fortalecimento progressivo.
Segundo o especialista, a musculação é fundamental na recuperação, sendo até mais indicada do que atividades como caminhada. “A musculação é uma aliada importantíssima na recuperação e na saúde da articulação”, explica. Apesar de alguns limites, os estudos mostram que determinados exercícios, como o ‘leg press’, podem ser menos nocivos ao quadril do que caminhadas.
Atualmente, Marcela afirma não ter barreiras devido à prótese. “Às vezes, perguntam: ‘Como você consegue fazer isso?’ Respondo que foi muita paciência. Demorei a alcançar certa melhora no agachamento livre”, relata.
“É preciso persistir. Haverá dias em que você se sentirá desanimado, mas se não desistir, você consegue”, conclui Marcela.
Por fim, Neves enfatiza a importância da técnica de movimento e da progressão de cargas para atletas com prótese. “Não há evidências que indiquem que o fisiculturismo seja prejudicial para quem tem prótese, mas o treinamento deve ser adaptado ao histórico do atleta. Geralmente, aqueles com experiência de treino ao longo da vida conseguem manter uma boa intensidade de exercícios”, conclui.