Nesta semana, a equipe do presidente Donald Trump recuou novamente em relação às tarifas aplicadas ao Brasil. A Casa Branca retirou o imposto de importação de 10% que incidia sobre a celulose brasileira nos Estados Unidos.
Agora, o material integra a lista de produtos isentos dos 50% aplicados aos produtos brasileiros. Em ordem assinada pelo presidente, foi definido que as categorias de celulose classificadas como SH4 4703: 4703.11.00, 4703.21.00 e 4703.29.00 fazem parte da lista de isenções.
Os produtos mencionados no documento representam quase 90% de toda a celulose exportada pelo Brasil, conforme dados da Ibá (Indústria Brasileira de Árvores). Esse material é utilizado na produção de itens como papéis, fraldas, papel higiênico e lenços umedecidos.
Outros tipos de celulose, como as usadas para painéis de madeira, continuam com a maior taxa de importação, de 50%. Essa tarifa é composta pela taxa básica de 10% sobre todas as exportações, mais 40% de retaliação devido a uma suposta perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que está sendo julgado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) por tentativa de golpe de Estado.
Em entrevista ao Valor, o economista Rafael Barisauskas, da Fastmarkets, comentou que a mudança é significativa tanto para o Brasil quanto para os EUA. “O Brasil é um importante fornecedor de celulose de fibra curta para os EUA e, naturalmente, taxar o setor significa colocar pressão sobre os custos produtivos da indústria americana”, afirmou.
A Suzano (SUZB3) é uma das empresas que se beneficiam com a mudança, pois quase 20% de suas exportações têm como destino os EUA. Apesar da retirada do imposto, as ações da empresa fecharam em queda de 2% nesta quarta-feira (10), cotadas a R$ 50,80.
Tarifaço em análise
Enquanto a maioria das importações dos EUA já enfrenta taxação, a Suprema Corte do país decidiu avaliar se o presidente Trump tem a prerrogativa para isso. A instância máxima do Poder Judiciário foi acionada após a Corte de Apelações determinar que a maior parte das tarifas impostas pelo presidente é ilegal.
“Se essas tarifas forem eliminadas, seria um desastre total para o país”, escreveu Trump nas redes sociais. “Os EUA não aceitarão mais enormes déficits comerciais e tarifas injustas, além de barreiras comerciais não tarifárias impostas por outros países — amigos ou inimigos — que prejudicam nossos fabricantes, agricultores e outros setores.”