Após o revés na taxação do IOF, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, cancelou sua participação no evento anual do FMI (Fundo Monetário Internacional). No entanto, ele enviou uma carta ao organismo destacando suas impressões sobre a economia global.
Haddad fez questão de aprofundar seu documento em uma análise das economias emergentes, grupo do qual o Brasil faz parte. Ele destacou que medidas unilaterais de países de alta renda têm feito com que os níveis de incerteza aumentem ao redor do planeta.
O ministro brasileiro também afirmou que o crescimento moderado no longo prazo, aliado a uma inflação persistente, tem tornado o cenário ainda mais desafiador para os países em desenvolvimento. Ele afirmou que a economia global está navegando em águas desconhecidas, com tensões comerciais prejudicando tanto países com relações superavitárias quanto deficitárias.
“Encontramos conforto no fato de que os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento continuam sendo o principal motor do crescimento global. No futuro, devemos redobrar nossos esforços para construir uma nova globalização, na qual a prosperidade de cada sociedade seja uma condição para a prosperidade compartilhada da humanidade como um todo”, disse.
Como tem feito de praxe, o chefe da Fazenda tem defendido a taxação dos super-ricos como maneira de apoiar o crescimento econômico dos países e abrir caminho para a distribuição de renda. Ele destacou que “agora é o momento para os super-ricos pagarem sua parcela justa de impostos” e afirmou que “o sistema tributário global continua inadequado, permitindo uma concentração de riqueza sem precedentes”.
Ele também ressaltou a importância do trabalho das entidades internacionais para oferecer segurança ao sistema financeiro global. Segundo ele, o FMI deve apoiar também os países mais pobres a alcançarem os compromissos assumidos no âmbito dos ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável).
“À medida que restrições comerciais unilaterais remodelam mercados e aumentam a incerteza, o trabalho analítico do Fundo torna-se um farol altamente valorizado, ajudando os membros a navegar pelas águas turbulentas da economia mundial”, afirmou. Ele ainda destacou a importância de que o FMI preserve sua independência analítica e permaneça um defensor do multilateralismo.
A comitiva brasileira em Washington é liderada pela secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito. A decisão de enviar uma representante vem da necessidade do governo federal de encontrar alternativas fiscais para a derrubada do decreto que aumenta a taxação do IOF, tema considerado um grande desafio pelo governo.