
“Acreditamos que estamos mais apertados do que em ciclos anteriores e queremos permanecer assim para reunir os dados e observar os efeitos defasados na economia. Essa é a fase em que estamos agora”, disse ele.
O diretor ressalta que o Comitê de Política Monetária (Copom) planeja manter o termo “período bastante prolongado” até ter certeza de que todos os dados estão convergindo adequadamente.
“Não podemos e não vamos correr o risco de reagir ao ruído. Portanto, precisamos de mais tempo para reunir dados e entender a direção que estão tomando”, afirmou Nilton, sublinhando que o BC considera um conjunto de dados, não apenas um isolado.
Segundo Nilton, o boletim Focus costumava ser uma boa fonte para prever a inflação, mas não tem sido efetivo nos últimos 15 meses.
O diretor também destacou que, em abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um artigo sobre economias que têm expectativas inflacionárias futuras, como nos EUA, em contraste com aquelas que se baseiam em expectativas passadas, como no Brasil. Com base nesse estudo, Nilton acredita que o BC deve agir com firmeza e serenidade.
A firmeza foi demonstrada na maneira como o BC elevou a Selic para 15% ao ano. “Agora precisamos de serenidade. Em momentos de inflexão na atividade ou desaceleração do crescimento econômico, surgem os sinais mistos sobre a atividade”, afirmou.
Incertezas e tempo para eventual corte de juros
O diretor de Política Monetária do Banco Central expressou satisfação por não ter que prever exatamente quando o Copom começará a reduzir os juros. “Eu simplesmente não sei”, enfatizou, ressaltando que a incerteza é muito alta para fazer previsões.
Segundo Nilton, o BC precisará esperar mais tempo para garantir a convergência das expectativas de inflação. “Se as coisas acontecerem mais rapidamente do que esperávamos, reagiremos. Da mesma forma, se notarmos que as coisas não estão convergindo ou pior, estão divergindo, também iremos reagir”, declarou.
Em relação ao câmbio, o diretor do BC destacou que o dólar está praticamente no mesmo nível de 15 meses atrás, implicando a devolução quase total das perdas do real na segunda metade do ano anterior.
Crescimento potencial
O diretor de Política Monetária do Banco Central afirmou que a autarquia não deseja estagnar o crescimento econômico do Brasil, e sim ajustá-lo ao seu potencial, o que é consideravelmente diferente.
Nilton enfatizou que o ideal para um banqueiro central seria conseguir manter o crescimento econômico dentro de seu potencial. “Sabemos que essa é uma tarefa árdua, com muitas variáveis em jogo simultaneamente, mas esse é nosso objetivo final”, afirmou.
Segundo o diretor, até o momento, os dados macroeconômicos têm se mostrado alinhados com as expectativas do BC.
O diretor fez uma apresentação nesta quinta-feira, no evento “Global Macro Sessions”, organizado pelo UBS BB, em Washington, nos Estados Unidos, durante as reuniões anuais do Banco Mundial, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20).






