O modelo de financiamento atrelado ao IPCA foi lançado em 2019, prometendo taxas de juros menores que os contratos indexados à Taxa Referencial (TR).
No entanto, com a disparada da inflação no pós-pandemia, o que parecia vantajoso acabou se tornando um problema já que as parcelas subiram além do esperado, pressionando o orçamento de muitas famílias.
Em nota técnica divulgada na sexta-feira (18), o BC reconheceu os desafios da modalidade e propôs ajustes nos sistemas de amortização para mitigar os efeitos da inflação.
O que muda com a proposta do BC?
O BC sugere a inclusão de um componente adicional de amortização nos sistemas Price e SAC. Esse “amortecedor” funcionaria como uma trava para as parcelas:
Com isso, o valor das prestações ficaria mais estável ao longo do tempo, mesmo em cenários de inflação elevada.
Além disso, o novo formato permitiria reduzir o total de juros pagos ao longo do contrato — em até 34,6% no sistema Price e 24% no SAC, segundo simulações do BC (considerando valores reais, já descontada a inflação).
Como funciona na prática?
O modelo é semelhante à nova linha de crédito habitacional aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que usa como base a média do IPCA dos últimos 20 anos para calcular o teto da amortização extra. Esse valor será atualizado mensalmente pelo BC, com base na inflação acumulada.
Por outro lado, o novo modelo aumentaria o valor da primeira parcela:
A vantagem está no longo prazo, onde as parcelas crescem menos com o tempo, reduzindo o risco de endividamento descontrolado.
Simulações indicam ganhos em todos os cenários
Mesmo em cenários com inflação elevada, o novo sistema mantém melhor estabilidade:
No SAC, com inflação entre 2% e 7%, a última prestação segue menor que a primeira — ao contrário do sistema em vigor, em que os aumentos chegam a 227%.