O Nubank (ROXO34) demitiu 12 funcionários na última sexta-feira (7), depois de uma discussão acalorada sobre o fim do trabalho remoto na instituição.
O banco digital permitiu que seus trabalhadores fizessem home office nos últimos cinco anos, necessitando de reuniões presenciais apenas uma vez por trimestre.
Contudo, na quinta-feira (6), anunciou a adoção de um modelo de trabalho híbrido, em que os funcionários terão de estar nos escritórios dois dias por semana, a partir de julho de 2026.
O fundador e CEO do Nubank, David Vélez, admitiu que a mudança poderia gerar conturbação entre os funcionários, muitos dos quais moram longe dos escritórios ou entraram no banco digital justamente pela flexibilidade do trabalho remoto.
Por isso, a empresa fala em um período de transição e prometeu construir novos escritórios para facilitar o comparecimento dos funcionários. Vélez deve se mudar, já que vive no Uruguai, onde não há escritórios do Nubank.
Ainda assim, a mudança gerou revolta, resultando em uma discussão acalorada na reunião em que o CEO apresentou o novo modelo de trabalho para as equipes, na quinta-feira (6).
Cerca de 7 mil dos 9,5 mil funcionários do Nubank participaram da reunião, de forma virtual e presencial. Contudo, 12 deles acabaram demitidos no dia seguinte, após se manifestarem de forma crítica ao fim do trabalho remoto.
“Os trabalhadores foram convidados a se manifestar em uma reunião e depois são punidos com demissão? Queremos esclarecimentos”, reclamou a presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro.
O sindicato pediu esclarecimentos e a abertura de uma negociação com o Nubank para tentar suspender essas demissões. Além disso, deve realizar uma reunião com os funcionários do banco digital nos próximos dias.
O banco digital, por sua vez, sugeriu que as demissões ocorreram porque os funcionários teriam agido de forma desrespeitosa na reunião.
“O Nubank reafirma que trabalha para preservar canais e rituais abertos para o livre debate entre seus funcionários, mas não tolera desrespeito e violações de conduta”, afirmou, em nota.
Por que a mudança?
Ao anunciar o fim do trabalho remoto, o CEO do Nubank disse que os benefícios desse modelo de trabalho “eram muito óbvios, mas os seus custos eram invisíveis”.
De acordo com Vélez, o objetivo da mudança é acelerar a inovação e reforçar a excelência operacional, além de reforçar a cultura da empresa, por meio de uma maior convivência e de encontros criativos.
Em carta enviada a funcionários, Vélez alegou que as empresas mais inovadoras do mundo raramente trabalham de forma totalmente remota, porque a criatividade não floresce em chamadas agendadas; ela emerge de interações não planejadas, debates em quadros brancos e faíscas de insight que se espalham pelas equipes.
Além disso, ele afirmou que a proximidade física cria responsabilidade compartilhada e torna mais fácil detectar problemas precocemente, corrigir o curso, treinar aqueles com desempenho abaixo do esperado e celebrar um ótimo trabalho.
“Nossa ambição é nos tornarmos o maior e mais amado banco digital do mundo. Isso exige excelência na execução, inovação ousada e uma cultura de profunda colaboração — condições que prosperam melhor quando estamos juntos”, concluiu.
Haverá exceções?
O Nubank promete construir novos escritórios e fornecer suporte aos funcionários na fase de transição para o novo modelo de trabalho híbrido. Quem mora em uma cidade em que não há escritórios do banco, por exemplo, pode pedir um auxílio-realocação.
O banco também prometeu analisar exceções, sobretudo nos cargos que exigem pouca interação, considerando critérios que incluem senioridade, desempenho e distância do escritório.
Mas avisou: “As exceções serão raras e limitadas porque os membros da equipe totalmente remotos podem prejudicar a dinâmica presencial, que é o nosso novo padrão”.
Como vai funcionar?
Segundo o Nubank, o primeiro semestre de 2026 “será um período de transição e adaptação, para muitos daqueles que precisam fazer ajustes nas suas rotinas”.
Contudo, os gerentes já são “fortemente incentivados” a comparecer aos escritórios nesse período para tratar desse planejamento.
A partir do segundo semestre de 2026, 70% das equipes devem comparecer ao menos dois dias por semana ao escritório. A presença mínima deve subir para três dias por semana em janeiro de 2027.






