No mês passado, a bolsa de valores brasileira recebeu uma nova empresa, a OranjeBTC (OBTC3). A companhia chegou ao mercado de balcão por meio de um IPO reverso, após adquirir as ações da Intergraus.
Desde sua entrada na B3, a companhia já perdeu metade do seu valor de mercado. Atualmente, o valuation da empresa é de US$ 2,2 bilhões, mas já chegou perto de US$ 4 bilhões, conforme dados públicos.
A trajetória da Oranje se mescla com o desempenho do Bitcoin (BTC) no último mês, que apresentou baixas sucessivas. A principal criptomoeda do mercado acumula uma queda de 15% em relação ao real brasileiro no último mês, variação negativa que também chega a quase 3% nos últimos seis meses.
Os dois ativos se confundem porque grande parte do patrimônio da empresa listada está investido em BTC. No total, são mais de 3,6 mil unidades do criptoativo, tornando-a a principal tesouraria de bitcoin da América Latina.
A administração não contava com essa situação e, para tentar evitar uma queda ainda maior, abriu um programa de recompra de ações. Além disso, interrompeu a compra de novos bitcoins, que é a principal estratégia de investimentos da marca.
“Em alguns momentos, a empresa passou a negociar abaixo do valor do bitcoin em tesouraria. Nesses dias, usamos o caixa para recomprar ações e aumentar o montante de bitcoin por ação”, destacou Guilherme Gomes, CEO da OranjeBTC, em entrevista ao Neofeed.
Ele ressaltou que o cenário ideal para a companhia é negociar suas ações em um valor superior ao de reserva de bitcoin. “Nesses momentos [em que está abaixo], faz mais sentido recomprar as ações do mercado e, assim, aumentar a quantidade de bitcoin por ação”, continuou.
Que o movimento de baixa junto do ciclo do bitcoin é normal — e é até verdade. No entanto, no caso da Oranje, observa-se que seu desempenho é três vezes pior que o do Bitcoin e também diferente de alguns de seus pares, como a MicroStrategy, que caiu cerca de 27% no mesmo período.
“Eu ainda acredito que estamos em price discovery. Eram pouquíssimos investidores no início e, agora, já são quase 3 mil [em relação aos 150 do dia da listagem]. O número de investidores tem crescido, mas ainda está longe de ter uma estrutura de preço normal”, diz Gomes. “Um único investidor, em um momento específico, pode acabar movimentando o preço da ação.”






