As notas comerciais, embora menos conhecidas, ganharam destaque em 2023. Desde janeiro, diversas empresas têm emitido dívidas através dessa ferramenta. A Pague Menos, rede de drogarias sem ações na B3, emitiu R$ 480 milhões para reduzir o custo de sua dívida. A Marisa, por sua vez, fez três séries de emissões, totalizando mais de R$ 152 milhões em notas comerciais.
Recentemente, a incorporadora Lavvi captou R$ 400 milhões em outubro, também em três séries. Os recursos obtidos serão utilizados para financiar operações relacionadas à aquisição, construção e reforma de imóveis. Embora a emissão desses títulos exista há cerca de 20 anos, seu uso acelerou em 2021, após a remoção de algumas regras que facilitaram a emissão escritural. As notas comerciais funcionam de maneira semelhante às debêntures, mas possuem menos burocracia, podendo ser autorizadas por diversos órgãos financeiros além da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Isso amplia a base de investidores e reduz o custo de emissão. Esse tipo de título tem ganhado espaço especialmente entre médias empresas, que não possuem a mesma presença de grandes corporações do mercado. O atual contexto da renda fixa, com taxas de juros em 15% ao ano, tem impulsionado investidores a buscar esses ativos, que podem oferecer retornos de até 20%, dependendo da emissão. Embora não seja possível comparar ainda o volume de emissões entre debêntures e notas comerciais, há expectativa de que em alguns anos as duas modalidades possam se equiparar no mercado de capitais. Sandro Marcondes, sócio e diretor de Global Debt Finance do Santander Brasil, comentou que “as debêntures institucionais, de livre utilização, podem acabar sendo substituídas por notas comerciais”. Segundo Samy Podlubny, chefe de dívida do UBS BB, que realizou 15 emissões desse tipo de título em 2025, “elas negociam menos que debêntures, mas é questão de tempo”.






