As investigações da Polícia Federal apontam que o Banco Master criava contratos de títulos de crédito para justificar a transferência de até R$ 12 bilhões do BRB (BSLI4). Os agentes informam que ao menos 20 documentos foram gerados entre janeiro e maio de 2025.
O processo mostra que as falsificações encontradas nos contratos eram “grosseiras” e, muitas vezes, os documentos eram emitidos em um único dia, de acordo com informações do jornal O Globo. Isso ficou evidente após, em abril deste ano, os documentos terem sido protocolados juntos em um cartório de São Paulo, a pedido do Banco Central, que solicitou uma cópia deles.
A PF ainda menciona que, neste ano, os dois bancos teriam adquirido uma empresa de fachada, chamada sx016, para criar novos contratos. O BRB foi um dos bancos que tentaram comprar o Master para evitar a liquidação, mas a operação foi negada pelo Banco Central.
A reportagem também destaca que a PF informou que, durante depoimento, o presidente afastado do BRB, Paulo Henrique Costa, assumiu a responsabilidade pela operação. Segundo ele, todas as decisões teriam sido tomadas sem comunicação ao banco.
Ao todo, estima-se que o Master tenha emitido mais de R$ 40 bilhões em títulos de renda fixa, como CDBs, LCIs e LCAs. Os investidores prejudicados serão ressarcidos pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que assegura o reembolso de quantias de até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ.
Nesta terça-feira (18), o BC anunciou a liquidação extrajudicial do Master, fazendo com que a instituição deixasse de fazer parte do sistema financeiro. Além disso, na véspera, o dono do banco, Daniel Vorcaro, foi preso pela Polícia Federal no Aeroporto de Guarulhos enquanto tentava deixar o país.
A PF também realizou uma operação no BRB, afastando o presidente Paulo Henrique Costa e o diretor de Finanças e Controladoria da instituição, Dario Oswaldo Garcia Júnior. Todas as prisões e afastamentos foram conduzidos no âmbito da Operação Compliance Zero, que investiga operações fraudulentas entre os bancos.
Suspensão da compra
O consórcio de investidores Fictor Holding informou a suspensão do processo de compra do Master. A decisão foi tomada após o Banco Central decretar a liquidação extrajudicial da instituição financeira.
“A operação de compra está suspensa, e nos colocamos à disposição das autoridades competentes para quaisquer esclarecimentos que julgarem necessários. Por se tratar de tema sob análise das autoridades, o consórcio não comentará o mérito das investigações”, informou o grupo de investidores por meio de uma nota.
O grupo informou que apenas tomou conhecimento da liquidação por meio da imprensa e que já havia sinalizado ao Master que a compra estaria condicionada à análise de documentos. O consórcio afirma que segue todas as regras de transparência e responsabilidade em seus negócios.
“Reafirmamos nosso absoluto respeito ao Banco Central do Brasil e aos demais órgãos de supervisão e controle, assim como nosso compromisso com a integridade, a transparência e a estabilidade do sistema financeiro brasileiro”, diz a nota.






