As ações do Banco do Brasil (BBAS3) aparecem entre as principais quedas do Ibovespa na manhã desta quinta-feira (13). A performance negativa dos papéis reflete o mau humor dos investidores em relação ao balanço do terceiro trimestre da instituição financeira, que apresentou números fracos e revisou para baixo algumas projeções.

O Banco do Brasil reportou lucro líquido ajustado de R$ 3,8 bilhões no 3T, uma queda de 60% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado ficou estável na comparação trimestral, com retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 8,4%. Já o lucro contábil foi de R$ 3 bilhões, com rentabilidade de 6,7%.
Entre os principais destaques negativos dos resultados, estão o aumento do custo de crédito, que avançou 77,7% em um ano, para R$ 17,9 bilhões, e a alta da inadimplência acima de 90 dias, que chegou a 4,93%. Diante desse cenário, o banco revisou para baixo o guidance de lucro para 2025.
A seguir, confira três pontos de atenção sobre os números reportados pelo BB na noite de ontem:
Agro segue pressionando BBAS3
O segmento do agronegócio continua sendo o principal fator de pressão sobre os resultados do banco. A carteira agrícola, que representa cerca de um terço do crédito total, apresentou inadimplência de 5,34%, avanço de 185 pontos-base em relação ao segundo trimestre. Segundo a XP, a deterioração da qualidade de crédito se disseminou em todos os segmentos, com forte impacto do agro.
O BTG Pactual destacou que as provisões relacionadas ao agronegócio cresceram 11% no trimestre, somando R$ 8,75 bilhões. Por outro lado, o banco também apontou aumento na inadimplência de produtores rurais e reflexos negativos sobre outras carteiras, como pessoa física e crédito corporativo. “O agronegócio teve um efeito de contágio sobre outras linhas de crédito”, citou o relatório.
A XP observou ainda que muitos produtores optaram por adiar pagamentos à espera de medidas de apoio do governo, o que elevou o risco de novos atrasos. A casa também mencionou a MP 1314, que criou um programa de renegociação de dívidas do setor, mas cujos efeitos ainda não foram sentidos integralmente no trimestre.
Ebitda e ROE decepcionam
A combinação entre maiores provisões e menor resultado operacional fez com que o Ebitda e o ROE ficassem abaixo das expectativas do mercado. Segundo o BTG, o lucro antes dos impostos (EBT) ficou cerca de 20% abaixo da estimativa do banco, em meio ao aumento das perdas com crédito. O retorno sobre o patrimônio líquido recuou para 8,4%, ante 21,1% há um ano.
O desempenho da operação principal permaneceu pressionado, com custo de crédito elevado e rentabilidade baixa”, apontou a XP. O relatório também destacou que o lucro só foi levemente superior às projeções devido a uma reversão de impostos, sem a qual o resultado seria ainda mais fraco.
Os analistas ressaltaram que a recuperação do banco deve ser gradual, especialmente diante da persistência da inadimplência no agro e no segmento de pessoas físicas, onde o NPL de cartão de crédito chegou a 8,9%.
Banco do Brasil revisa guidance
Junto à divulgação do balanço, o Banco do Brasil (BBAS3) revisou novamente suas projeções para 2025. A instituição elevou a faixa do custo de crédito de R$ 53–56 bilhões para R$ 59–62 bilhões e reduziu a previsão de lucro líquido ajustado de R$ 21–25 bilhões para R$ 18–21 bilhões. A nova faixa implica um lucro entre R$ 3,1 bilhões e R$ 6,1 bilhões no quarto trimestre, segundo a XP.
De acordo com o BTG, a revisão representa um corte de cerca de 15% nas projeções anteriores. O banco avaliou que a incerteza sobre o impacto efetivo da MP 1314 e o ritmo de recuperação do agro ainda deve pesar sobre os próximos resultados.
Apesar do valuation considerado atrativo, tanto a XP quanto o BTG mantiveram uma visão neutra para as ações do Banco do Brasil (BBAS3), e destacaram baixo ROE, cenário competitivo mais difícil e recuperação lenta dos indicadores financeiros.






