O Banco do Brasil (BBAS3) decidiu rever suas projeções para 2025, diante da queda nos lucros, motivada pelo aumento das provisões e da inadimplência no agronegócio.
O BB passou oficialmente a prever um lucro menor e gastos maiores com provisões neste ano.
A queda do lucro do BB
A expectativa da instituição é lucrar de R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões em 2025, o que significa quase metade do que era esperado no início do ano e do observado no ano passado.
O Banco do Brasil teve um lucro recorde de R$ 37,9 bilhões em 2024 e esperava ultrapassar essa marca em 2025.
A projeção inicial era de um lucro entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões para 2025.
No entanto, essa expectativa foi revista em maio, quando o BB começou a perceber os efeitos da crise no agronegócio e o aumento das provisões.
Em agosto, a previsão foi reduzida para um intervalo de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões, e agora caiu novamente.
O novo guidance foi apresentado na quarta-feira (12), juntamente com o balanço do terceiro trimestre de 2025, que revelou uma nova queda acentuada no lucro.
O BB lucrou R$ 3,78 bilhões no terceiro trimestre, uma redução de 60,2% em relação ao mesmo período de 2024.
Até setembro, a instituição acumulou um lucro líquido de R$ 14,9 bilhões, 47,2% menor que no mesmo período do ano passado, e bem abaixo das previsões anteriores.
O aumento das provisões
O corte na projeção de lucro reflete, em grande parte, o aumento das despesas com provisões para perdas esperadas.
De acordo com o novo guidance, o Banco do Brasil espera gastar de R$ 59 bilhões a R$ 62 bilhões com provisões neste ano, muito mais do que o previsto inicialmente.
No início do ano, a estimativa era de despesas entre R$ 38 bilhões e R$ 42 bilhões, mas essa projeção também foi revista em maio, aumentando para um intervalo de R$ 53 bilhões a R$ 56 bilhões em agosto, e agora foi ajustada novamente.
Em comparação, o BB gastou R$ 35,7 bilhões com provisões em 2024 e já superou essa marca em 2025, acumulando quase R$ 44 bilhões até setembro, conforme o balanço do terceiro trimestre.
CEO explica
Ao apresentar os resultados do terceiro trimestre de 2025, a CEO do Banco do Brasil, Tarciana Medeiros, afirmou que o guidance anterior era “ousado” para o cenário atual.
Ela acrescentou que o terceiro trimestre trouxe desafios que exigiram a revisão das projeções de lucro e de custo de crédito para 2025.
O BB precisou aumentar as provisões devido ao aumento das recuperações judiciais no agronegócio e a “casos específicos de grandes empresas” que custaram R$ 1,3 bilhão.
A executiva não forneceu detalhes sobre esse caso, mas o BB é um dos principais credores da Ambipar (AMBP3), que recentemente solicitou recuperação judicial.
Além disso, a instituição não conseguiu avançar na renegociação de dívidas rurais na velocidade esperada, já que a regulamentação da Medida Provisória 1.314, que facilitou essa renegociação, teve um processo mais demorado do que o previsto.
“Começamos a operar efetivamente a MP há 24 dias. Isso trouxe a necessidade de provisões maiores e, consequentemente, uma previsão menor de lucro”, explicou Tarciana em chamadas com investidores, na quarta-feira (13).
O BB se comprometeu a acelerar a reestruturação de empréstimos inadimplentes. O CFO, Giovanne Tobias, demonstrou confiança de que a instituição cumprirá a nova previsão, atingindo cerca de R$ 20 bilhões em lucro em 2025.
“Estamos acelerando a reestruturação de empréstimos inadimplentes. Se mantivermos esse ritmo em novembro e dezembro, estamos confiantes de que conseguiremos cumprir esse guidance”, afirmou Tobias.
Apesar da queda no lucro, o BB aprovou o pagamento de JCP (Juros sobre o Capital Próprio) referente ao terceiro trimestre.






