A Cosan (CSAN3) está avançando com o plano de reestruturação que envolve a venda de bilhões em novas ações para o BTG Pactual (BPAC11) e a gestora Perfin.
O acordo foi anunciado pela companhia em setembro e recebeu o aval dos seus acionistas em assembleia realizada nessa quinta-feira (23).
A Cosan, então, não perdeu tempo e já lançou a oferta pública de ações que vai permitir a sua capitalização, por meio da entrada do BTG e da Perfin no seu quadro de sócios.
Oferta de ações
A oferta prevê a distribuição primária de 1,45 bilhão de novas ações ordinárias, mas pode ter um acréscimo de 25%, o equivalente a mais 362,5 milhões de ações, a depender do interesse do mercado.
A oferta é destinada ao público investidor em geral. Contudo, a maior parte dessas ações deve ficar mesmo com o BTG e a Perfin. Por isso, uma outra oferta já está prevista para novembro, com prioridade para os atuais acionistas da Cosan.
A ideia é a seguinte: A holding vai levar essa primeira oferta ao mercado para definir o preço das novas ações. Caso o preço fique em R$ 5, o BTG, a Perfin e o fundador da Cosan, Rubens Ometto, vão adquirir toda a oferta inicial de 1,45 bilhão de ações.
Ao todo, esses investidores devem injetar R$ 7,25 bilhões na holding, sendo R$ 4,5 bilhões do BTG, R$ 2 bilhões da Perfin e R$ 750 milhões de Ometto, meio da empresa Aguassanta.
Para a Cosan, o acordo “permitirá a entrada de investidores de perfil de longo prazo e capacidade financeira reconhecida, condição essencial para viabilizar o lançamento da Oferta e conferir credibilidade e estabilidade à operação”.
Vale lembrar, contudo, que o preço de R$ 5 por ação fixado no acordo com o BTG e a Perfin é inferior à atual cotação das ações da Cosan.
Antes do anúncio do acordo, o papel era negociado por R$ 7,50 na B3. No fechamento de quinta-feira (23), era cotado a R$ 6,16.
Os planos da Cosan
A Cosan pretende levantar até R$ 10 bilhões, por meio da emissão de até 2 bilhões de novas ações, considerando esta primeira oferta, mas também a segunda oferta de ações, que será lançada em novembro.
Todo o recurso captado será usado na renegociação e no pagamento de obrigações financeiras. Ou seja, a capitalização de subsidiárias como a Raízen (RAIZ4) não está nos planos da Cosan neste momento.
Segundo a holding, o objetivo é “aprimorar sua estrutura de capital, reduzir de forma significativa sua alavancagem e recompor sua flexibilidade financeira”.
“A operação, portanto, constitui etapa fundamental no processo de fortalecimento da estrutura de capital da Companhia e de preparação para o desenvolvimento da sua estratégia de longo prazo”, afirmou.
A holding destacou, contudo, que esta é apenas a “etapa inicial de uma estrutura estratégica voltada à viabilização da captação de recursos”. Por isso, não descartou novas ações para a otimização da sua estrutura de capital no futuro, como eventuais desinvestimentos.
Com essa injeção de capital, a Cosan espera reduzir sua dívida de R$ 21,4 bilhões para R$ 8 bilhões.
Analistas lembram, por sua vez, que o negócio também implica na diluição da participação dos atuais acionistas e pode levar à mudança no controle da Cosan.
Pelo acordo, Rubens Ometto seguirá à frente da Cosan pelos próximos seis anos. Depois disso, é possível que o BTG assuma o controle da holding, já que o banco passará a ser o principal acionista da empresa após a operação.