
O dólar caiu 0,51%, fechando a R$ 5,3076, o menor valor desde setembro. Essa é a quarta queda consecutiva, impulsionada pela expectativa otimista em relação às negociações no Congresso dos Estados Unidos para encerrar o shutdown, que já dura 41 dias, o mais longo da história.
O movimento foi global: o dólar caiu frente a 23 das 31 moedas mais líquidas do mundo, enquanto o índice DXY operava próximo da estabilidade. Investidores reagiram ao alívio político em Washington, reduzindo a busca por proteção na moeda americana.
Segundo Ricardo Benaderet, gestor do Andbank, a progressão das conversas no Congresso “anima os investidores a assumirem mais riscos em outros mercados. Com isso, o dólar perde valor globalmente — e o real se beneficia do carregamento positivo, com taxa de juro real acima de 10%”, referindo-se à Selic, que está em 15% ao ano.
Entenda o que é o shutdown
O shutdown ocorre quando o Congresso dos Estados Unidos não aprova o orçamento federal, resultando na suspensão de serviços e na não remuneração de parte dos servidores públicos. Esses impasses geram incerteza e travam decisões de investimento, impactando os mercados financeiros.
Com o avanço das negociações no Senado, cresce a expectativa de que o governo americano retome suas operações normais em breve. Este alívio aumenta o apetite por risco, fortalecendo moedas emergentes como o real e impulsionando as bolsas ao redor do mundo.
Para Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, as recentes declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed) também contribuíram para a desvalorização da moeda americana. “O Fed indicou que a política monetária continua restritiva, mas reconheceu sinais de moderação na economia. Isso reforça a expectativa de cortes graduais de juros e reduz o apelo do dólar como refúgio”, explica.
Mercado brasileiro acompanha o clima positivo
Enquanto o dólar recuava, o Ibovespa (IBOV) continuou em alta, atingindo novas máximas históricas com 14 altas consecutivas — a sequência positiva mais longa desde 1994. O índice subiu 0,58%, alcançando 154.961 pontos, impulsionado pelo aumento das ações de Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) e pela melhora na percepção de risco no Brasil.
Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, afirma que “o mercado local está com apetite por risco, agora sob um cenário mais previsível”. Ele observa que esse contexto abre espaço para a valorização no curto prazo, especialmente em ações ligadas à economia doméstica, embora as recentes altas rápidas exijam cautela.
Com a sequência de quedas, o dólar acumula uma desvalorização de 14,10% em 2025, refletindo o aumento do apetite global por risco e o fortalecimento dos ativos brasileiros. O real continua entre as moedas mais fortes do mundo neste ano, sustentado pelo juro elevado e pelo fluxo positivo de investidores estrangeiros para a B3.






