Utilities não são todas iguais
Historicamente associadas à previsibilidade e menor volatilidade, as ações de utilities vêm ganhando camadas mais complexas de análise.
Para a XP, o setor está cada vez mais interligado aos ciclos macroeconômicos, o que exige olhar individualizado para cada companhia, sua regulação, suas concessões e seus gatilhos de crescimento.
Segundo a corretora, não há mais um modelo único para investir em energia, saneamento e gás no Brasil e na América Latina.
O contexto atual demanda flexibilidade e leitura de cenário, especialmente num momento de transformações regulatórias, privatizações em discussão e crescimento da demanda por infraestrutura.
Empresas com destaque no portfólio da XP
Além das novas coberturas, a XP manteve foco em ações já favoritas de sua carteira no setor:
Os casos de Orizon e Light
Entre todas, dois papéis se destacam por extremos opostos de risco e retorno.
Orizon (ORVR3): a “10-bagger” da carteira
A XP acredita que a Orizon, que atua no setor de resíduos e energia renovável, pode multiplicar seu valor de mercado por até 10 vezes nos próximos anos.
A companhia, hoje avaliada em cerca de R$ 6 bilhões, opera em um segmento ainda embrionário no Brasil, mas com retornos bem acima do custo de capital e com espaço para ampla expansão de margem e receita.
A corretora compara o estágio atual da Orizon com o início da indústria de resíduos sólidos nos EUA, o que abre uma janela rara de oportunidade de longo prazo.
Light (LIGT3): tese arriscada, mas com chance de dobrar de valor
A Light, em recuperação judicial, é classificada pela XP como um dos investimentos mais arriscados da carteira — mas com potencial de valorização expressivo, caso três gatilhos se concretizem:
- Encerramento do contrato PPA com a térmica Norte Fluminense em julho de 2025, o que pode reduzir o déficit de perdas de R$ 1,2 bilhão para cerca de R$ 900 milhões;
- Reajuste tarifário previsto para 2026, que deve alterar o cálculo de perdas não técnicas e incorporar geração distribuída (GD), reduzindo perdas em até 7 p.p. (economia de R$ 200 milhões);
- Mudança metodológica da Aneel, tratando áreas de alto risco como encargos para os consumidores, com impacto recorrente de até R$ 200 milhões em economia.
Somados, esses três eventos poderiam gerar até R$ 550 milhões em fluxo de caixa adicional para a empresa, o que, segundo a XP, poderia mais do que dobrar o valor das ações da Light.
Saneamento e energia
No segmento de saneamento, a XP continua otimista com a privatização de estatais, como Copasa e Sanepar.
As duas empresas têm revisões tarifárias recentes que aumentam a visibilidade sobre receitas futuras. A corretora projeta potencial de alta de 41% para CSMG3 e 71% para SAPR11.
Já a Sabesp segue como aposta de longo prazo, com preço-alvo de R$ 162,40 e Taxa Interna de Retorno (TIR) real de 12%, além de perspectivas sólidas de crescimento de lucros, segundo o relatório.
No setor elétrico, as transmissoras continuam sendo o segmento mais previsível, com o fim do impasse da RBSE e avanço da eletrificação criando demanda por novos projetos.






