A Cosan (CSAN3) fechou um acordo para levantar até R$ 10 bilhões e, assim, reestruturar suas finanças.
A maior parte desse montante será investida pelo BTG Pactual (BPAC11) e pela gestora Perfin, que se tornarão alguns dos maiores sócios da Cosan.
O BTG Pactual investirá R$ 4,5 bilhões e a Perfin aportará mais R$ 2 bilhões na Cosan por meio de uma oferta pública de ações.
Rubens Ometto, fundador e presidente da Cosan, também contribuirá, injetando mais R$ 750 milhões na holding por meio da empresa Aguassanta.
Dessa forma, a Cosan pretende levantar um total de R$ 7,25 bilhões por meio da emissão de 1,45 bilhão de novas ações ordinárias, a um preço de R$ 5 por ação.
Essa oferta pode ser ampliada em 25%. Além disso, a Cosan planeja realizar uma segunda oferta pública de ações, direcionada aos acionistas já existentes.
Neste caso, a intenção é distribuir até 550 milhões de ações, com prioridade para os acionistas registrados na última sexta-feira (19).
Assim, a Cosan busca levantar um total de R$ 10 bilhões através da emissão de até 2 bilhões de novas ações.
Qual o impacto das ofertas?
A operação é considerada uma maneira de reestruturar as contas da Cosan, que há algum tempo procura levantar capital para diminuir sua dívida. Em janeiro, a Cosan desfez sua posição na Vale (VALE3) com esse objetivo.
Com a injeção de capital, a Cosan espera reduzir sua dívida de R$ 21,5 bilhões para R$ 7,5 bilhões.
A estratégia elaborada por Ometto também pode resultar na diluição da participação dos atuais acionistas e foi acordada com um deságio. A ação da Cosan fechou a R$ 7,50 na última sexta-feira (19), acima do preço de R$ 5 que será aplicado nas novas ações.
Analistas destacam o potencial de reestruturação e a entrada de novos sócios significativos na Cosan, embora as ações da companhia tenham caído na bolsa nesta segunda-feira (22), com uma queda de 22,5%, impactando o Ibovespa.
A XP avaliou que “os benefícios de resolver praticamente as questões de estrutura de capital da holding podem compensar a diluição provocada pela transação”.
Vale lembrar que a realização das ofertas públicas ainda depende da aprovação dos acionistas atuais da Cosan. Uma assembleia geral de acionistas está agendada para o dia 23 de outubro para discutir esse assunto.
Se os acionistas aprovarem o plano, a Cosan prevê precificar as ofertas de ações em 11 de novembro.
O que diz a Cosan?
Em comunicado divulgado ao mercado no domingo (22), a Cosan afirmou que o acordo foi fechado após um “longo processo de avaliação e negociação com potenciais investidores”.
Segundo a holding, o objetivo das negociações foi adequar sua estrutura de capital, reduzir sua alavancagem e garantir retorno aos acionistas, por meio das seguintes estratégias:
- possibilitar o destravamento de valor aos acionistas, melhorando a flexibilidade financeira e a liquidez das ações;
- assegurar que a base de investidores estratégicos contribua para o fortalecimento da governança corporativa e para a execução da estratégia a longo prazo;
- assegurar um compromisso de longo prazo, incluindo um acordo de acionistas com o controlador.
Nesse sentido, a Cosan destacou que BTG e Perfin são “grupos empresariais estratégicos, com investimentos em infraestrutura, que contribuirão para fortalecer a governança corporativa e a execução da estratégia de longo prazo da companhia”.
Conforme o acordo, BTG e Perfin manterão metade das novas ações da Cosan por um período de pelo menos quatro anos. Além disso, Rubens Ometto continuará com a maioria no Conselho de Administração da holding, indicando cinco conselheiros, enquanto BTG e Perfin terão quatro assentos.
Ometto seguirá à frente da Cosan pelos próximos seis anos. Após esse período, o BTG poderá assumir o controle da holding, tornando-se o principal acionista após a operação.
Em comunicado ao mercado no domingo (21), a Cosan enfatizou que todos os recursos levantados na operação serão usados para “renegociação e repagamento de suas dívidas financeiras, visando reduzir efetivamente sua alavancagem financeira”.
Os recursos serão aplicados inteiramente na Cosan, sem atingir subsidiárias como a Raízen (RAIZ4), que também está em conversas com investidores e vendendo ativos para reduzir sua dívida.
A Cosan possui participações na Rumo (RAIL3), Moove, Compass e Radar, além da Raízen. Seu objetivo, após essa injeção de capital, é focar no portfólio atual de negócios sem realizar investimentos em novas áreas.