O setor elétrico tem se destacado na Bolsa em 2025. O Ibovespa acumulou alta de cerca de 20% até agora, enquanto o índice de energia elétrica (IEE) subiu 40%.
Nesse contexto, companhias como Energisa (ENGI11) e Equatorial (EQTL3) apresentaram fortes ganhos de 37% e 34%, respectivamente. No entanto, o Banco Safra ainda vê as ações sendo precificadas com um “desconto excessivo”.
Em um relatório, o banco revisou suas previsões e reafirmou a recomendação de compra para ambas as empresas, aumentando o preço-alvo da Equatorial para R$ 42, o que indica um potencial de alta de 16%, e o da Energisa para R$ 63, equivalente a uma valorização de 18%.
Na perspectiva do Safra, os ganhos até aqui apenas reverteram os papéis aos níveis de avaliação de um ano atrás, sem considerar todo o potencial de valorização que ainda existe.
Fundamentos ainda atrativos
Os analistas destacam que tanto a Energisa quanto a Equatorial possuem uma taxa interna de retorno (TIR) elevada, qualidade operacional consistente e robustas margens de Ebitda.
Isso se deve, em grande parte, à habilidade de ambas as empresas em manter um desempenho superior na gestão de custos regulatórios, um dos principais desafios no setor de distribuição.
Apesar disso, o mercado teria aplicado um desconto excessivo em relação a riscos que, embora importantes, não comprometem a viabilidade a longo prazo. O Safra menciona os seguintes riscos:
- a nova metodologia de custos operacionais proposta pela CP 62, que pode impactar a remuneração das distribuidoras;
- o avanço da geração distribuída, que reduz as vendas e pode afetar as receitas das distribuidoras tradicionais;
- a expectativa de crescimento reduzido após completar ciclos de expansão relevantes.
Para o banco, essas preocupações já estão incorporadas no preço atual, permitindo a possibilidade de uma reprecificação positiva conforme os resultados operacionais se mantêm sólidos.
Energisa ganha o posto de preferida
Embora ambas as companhias sejam vistas como boas oportunidades, o Safra alterou sua preferência para a Energisa, acreditando que a relação risco-retorno é mais favorável.
A Energisa alcançou bons indicadores de qualidade de serviço, medidos pelo percentual de subconjuntos elétricos que atendem aos limites regulatórios, o que fortalece sua capacidade de oferecer melhores margens e consistência nos resultados.
Além disso, a Energisa apresenta uma TIR implícita mais alta e múltiplos EV/EBITDA inferiores em comparação à Equatorial.
Isso indica que, para cada unidade de valor de mercado, a empresa gera um retorno ajustado ao risco maior, tornando o investimento mais atraente no curto e médio prazo.
Perspectivas para o setor elétrico
O Safra aponta que o setor elétrico brasileiro está em uma fase madura, com menor intensidade de capital, aumentando a geração de caixa livre e favorecendo uma maior distribuição de dividendos nos próximos anos.
Contudo, a competição deve permanecer intensa, especialmente com a expansão das fontes renováveis e o crescimento da geração distribuída.
Os analistas indicam que tanto a Equatorial quanto a Energisa estão bem posicionadas para enfrentar esses desafios, devido à eficiência operacional, disciplina na alocação de capital e valuations atrativos.
Para os investidores, isso significa que, mesmo com as altas de 2025, ainda há um espaço significativo de valorização nessas ações, particularmente em um cenário de juros mais baixos, que tende a beneficiar setores de infraestrutura e utilidades.