O último mês de outubro foi quase uma exceção, pois grande parte das debêntures incentivadas disponíveis no mercado pagou menos que o CDI. Isso ocorreu após o Congresso retirar de pauta o projeto que poderia taxar novas emissões desses títulos, o que havia aumentado a procura pela categoria antes da possível mudança.
Um relatório recente do Bradesco destacou uma abertura de 40 pontos-base nos spreads dos títulos nas duas últimas semanas. Em alguns casos, a diferença chegou a 53 pontos-base, mas atualmente a média se acomodou em 6 pontos-base.
Além do investidor pessoa física, os fundos de investimento em renda fixa também foram impactados por esse movimento, registrando quedas significativas ao longo do mês. Os cotistas expressaram preocupação, e os gestores estão trabalhando para acalmar os ânimos do mercado.
“Historicamente, quando os fundos que buscam bater o CDI apresentam retorno negativo mensal, ocorre uma onda de resgates em seguida. Os dados devem refletir esse impacto nas próximas semanas, pois os fundos de debêntures incentivadas têm um prazo mínimo de 30 dias entre os pedidos de resgate e a cotização. Se isso ocorrer, a demanda já escassa pode ser ainda menor, intensificando o movimento de alta nas taxas”, escreveu a gestora Sparta em carta divulgada na semana passada.
A preocupação atual é a possibilidade de que os cotistas comecem a resgatar seus investimentos, o que poderia gerar um problema sistêmico. Para reembolsar os investidores, os fundos precisariam vender suas debêntures, o que poderia reduzir ainda mais os preços dos títulos.
Os principais analistas descartam a possibilidade de um problema maior, mesmo considerando que o mês passado foi tenso em relação a casos de empresas como Raízen, Ambipar e Braskem. Eles ressaltam que as empresas que emitem esses títulos de infraestrutura normalmente possuem boas notas de crédito, uma vez que trabalham com previsibilidade de receitas e são menos afetadas por mudanças no cenário monetário.
As debêntures incentivadas são títulos de dívida emitidos por empresas com o objetivo exclusivo de captar recursos para infraestrutura. Para atrair mais investidores, esses títulos não pagam Imposto de Renda, diferentemente de produtos como CDB ou Tesouro Direto.






