As finais do Grand Chess Tour (GCT), um circuito internacional de xadrez, ocorreram pela primeira vez na América do Sul em 2025, em São Paulo, e consagraram Fabiano Caruana, um norte-americano de 33 anos que ocupa o terceiro lugar no ranking mundial.
No dia 3 de junho, no centro de eventos WTC, Caruana, que possui o título de Grande Mestre, derrotou Maxime Vachier-Lagrave, um francês de 34 anos que está em 17º lugar no ranking da Fide.
Além disso, Caruana garantiu uma premiação de US$ 150 mil (R$ 780 mil), enquanto o total distribuído pelas finais foi de US$ 350 mil (R$ 1,9 milhão).
O Grand Chess Tour de 2025 incluiu etapas preliminares na Polônia, Romênia, Croácia e Estados Unidos, qualificando os melhores jogadores para a final.
As finais em São Paulo também contaram com a participação do indiano Praggnanandhaa Rameshbabu, 5º no ranking mundial, eliminado por Vachier-Lagrave nas semifinais, e do armênio Levon Aronian, 23º do mundo, que foi derrotado pelo campeão.
Caruana, que se tornou o mais jovem Grande Mestre dos EUA aos 14 anos, expressou surpresa com o grande público que assistiu ao evento em São Paulo.
“Acho que é a maior multidão que já vi em qualquer evento, exceto talvez no Campeonato Mundial”, comentou Caruana.
Concordando com isso, Levon Aronian disse: “O público é muito ativo e atencioso”, após vencer Praggnanandhaa e garantir o terceiro lugar.
Após a vitória, Caruana destacou que o duelo contra Vachier-Lagrave foi muito mais psicológico do que tático.
“Não foi apenas sobre estilos, mas sim sobre espírito de luta e psicologia”, afirmou o enxadrista, que precisou se superar após estar em desvantagem ao longo das partidas rápidas e clássicas.
O torneio, que começou no dia 28 de maio e incluiu eventos paralelos, teve ingressos esgotados. A final atraiu cerca de 74 mil espectadores online, de acordo com a organização.
O número de espectadores superou as expectativas. Davy D’Israel, fundador da Xeque & Mate, contou que pessoas de várias partes do Brasil foram ao evento.
D’Israel atribuiu o aumento do interesse pelo xadrez à divulgação nas redes sociais e à série “O Gambito da Rainha”, que fez com que o uso de aplicativos de xadrez no Brasil “triplicasse ou quadruplicasse”.
Ele também destacou a grande participação nos torneios infantis e amadores realizados durante a semana, mencionando que poderia ter havido mais de 200 crianças competindo se não houvesse limitações de espaço.
Durante o evento, a questão da desigualdade de gênero no esporte foi discutida por alguns participantes.
A Grande Mestre ucraniana Anastasiya Karlovich, de 43 anos, destacou a baixa participação feminina como um desafio para a popularização do xadrez.
“Ainda temos menos meninas e mulheres jogando do que homens. Há geralmente uma mulher para cada dez homens”, explicou Anastasia, que estava no Brasil como jornalista do evento.
Ela propôs mais torneios femininos e centros de referência para estimular a participação das mulheres no xadrez.
D’Israel observou que o xadrez no Brasil necessita de um ídolo nacional para crescer. “Se tivermos uma criança que se destaque e ganhe um título mundial, todos vão querer jogar”, comparando com a época de Guga Kuerten e João Fonseca no tênis.
Ele mencionou que o Brasil possui 14 Grandes Mestres, mas que esses jogadores enfrentam falta de reconhecimento e apoio. “Nenhum tem patrocínio. E quando querem evoluir, precisam ir para a Europa”, concluiu.