Na quarta-feira (1º), a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) anunciou uma reformulação no calendário do futebol brasileiro, que entrará em vigor em 2026. Essa mudança deve reduzir o número de partidas para os principais clubes do país.
Se um time da elite avançar até as finais das principais competições — estaduais, Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Supercopa do Brasil, Copa Libertadores e Recopa Sul-Americana —, ele pode jogar até 78 vezes em 2026.
Esse número é uma queda de cerca de 8,2% em relação aos 85 jogos que poderiam ser disputados em 2025.
A redução se deve, principalmente, à diminuição de cinco datas dos estaduais, que passarão de 16 jogos na atual temporada para 11 na próxima.
A reformulação da Copa do Brasil também contribuiu para a diminuição do número de jogos, pois os times da Série A passarão a entrar na quinta fase, que é a última antes das oitavas de final.
Se um time da primeira divisão avançar até a final, que será em jogo único, ele fará até nove partidas. Por exemplo, o Vasco, semifinalista da atual edição, começou na primeira fase e poderá ter feito 12 partidas se conquistar o título.
Além disso, o calendário dos times de elite contará com 38 rodadas do Campeonato Brasileiro e até 17 datas da Copa Libertadores, se a equipe iniciar na fase preliminar, além da possível disputa da Supercopa do Brasil e da Recopa Sul-Americana.
Em contraste, um time da elite do futebol da Inglaterra poderá entrar em campo até 70 vezes na temporada 2025/26, se avançar até as finais dos principais torneios.
Na Europa, as equipes enfrentam as 38 rodadas da Premier League, até sete datas da Copa da Liga Inglesa e seis da Copa da Inglaterra.
A reformulação da Champions League ocupa até 17 datas, caso o time tenha que passar pelo playoff após a fase de grupos para avançar às oitavas. Há também uma data reservada para a Supercopa da Inglaterra e uma para a Supercopa da Europa.
“Os clubes brasileiros ainda vão continuar com uma carga maior de jogos em comparação com os times da Europa por muito tempo, pelo menos até que os estaduais sejam eliminados”, disse Fernando Trevisan, diretor-geral da Trevisan Escola de Negócios e especialista em gestão e marketing esportivo.
“A disputa dos estaduais é o que realmente nos diferencia do resto do mundo, comprimindo o calendário local”, acrescentou.
“Apesar da redução dos estaduais, os clubes ainda terão que jogar durante a semana e no final de semana em algum momento, um campeonato que não tem valor significativo, apenas para satisfazer as federações”, afirmou Amir Somoggi, diretor da consultoria Sports Value.
De toda forma, Trevisan considerou que o anúncio da CBF é um “primeiro grande passo” em um processo de maior racionalização do calendário do futebol brasileiro.
Com o novo formato, o Campeonato Brasileiro será realizado ao longo de todo o ano, de 28 de janeiro a 2 de dezembro, com uma pausa para a Copa do Mundo, de 11 de junho a 19 de julho, seguindo o modelo de pontos corridos.
O presidente da CBF, Samir Xaud, informou que as mudanças visam reduzir a carga de jogos dos times da elite, “que hoje enfrentam uma maratona exaustiva ao longo do ano”, e aumentar as oportunidades em competições nacionais para equipes que ficam inativas por meses no calendário atual.
“É uma questão de justiça esportiva, desenvolvimento sustentável e equilíbrio”, declarou o dirigente. “Tivemos que fazer cortes. Acredito que foi a melhor escolha e que colheremos os frutos futuramente.”
“Talvez em um próximo passo, possamos considerar novas medidas, avaliando os resultados das mudanças atuais. Se não eliminarmos os estaduais, ao menos compensaremos a participação dos times grandes em outros torneios, aproximando-nos do cenário internacional”, concluiu Trevisan.