Os jogos da Inglaterra na Copa do Mundo de 2026 poderão começar à 1h da manhã no Reino Unido devido à preocupação com o calor. Essa informação foi destacada pelo jornal britânico The Times esta semana.
Os horários das partidas, que estão sendo discutidos pelos organizadores, representam um desafio nesta Copa ampliada, com a participação de 48 seleções. A questão central é como equilibrar o bem-estar dos atletas e os interesses das emissoras de TV europeias, que desejam exibir os jogos principais em horário nobre.
A Fifa depende das receitas da venda dos direitos de transmissão de TV, recebendo milhões para isso, assim como outros organizadores de grandes eventos esportivos. Um jogo que comece às 20h na Inglaterra é ideal para as audiências locais e o lucro dos pubs. No entanto, devido ao fuso horário, isso significaria um início ao meio-dia em Los Angeles, por exemplo.
Nenhuma seleção europeia assegurou sua vaga até o momento, mas países como Inglaterra, França, Espanha e Portugal estão próximos da classificação, com as Eliminatórias em andamento. O sorteio dos grupos ocorrerá em 5 de dezembro, quando o panorama ficará mais claro. O calendário já revela que haverá 15 dias consecutivos na fase de grupos com quatro ou mais jogos em cada dia, e 11 dos 16 estádios não possuem cobertura, incluindo o da final, em Nova Jersey.
A Copa do Mundo de Clubes deste ano trouxe lições para o Mundial de 2026, que ocorrerá de 11 de junho a 19 de julho. Uma das lições é sobre o impacto das altas temperaturas nos atletas e na experiência dos torcedores.
Um recente estudo da Queen’s University em Belfast indicou que em 14 dos estádios as temperaturas podem atingir níveis prejudiciais à saúde. A FIFPro, organização que representa jogadores profissionais, solicitou que a Fifa amplie o intervalo de 15 para 20 minutos e estabeleça duas pausas para hidratação durante os jogos.
O debate sobre competições esportivas no verão norte-americano é antigo, anterior até mesmo às discussões sobre aquecimento global. A Copa do Mundo de 1994 foi uma das mais quentes da história, com médias de 33°C, e a final entre Brasil e Itália começou às 12h30 no horário local, com temperaturas de 40°C.
Outro fator que preocupa os organizadores é a figura do anfitrião do torneio, Donald Trump. Amigo do presidente da Fifa, Gianni Infantino, Trump chamou atenção ao aparecer na cerimônia de premiação da Copa do Mundo de Clubes, compartilhando o palco com os jogadores do Chelsea, e o troféu estaria na Casa Branca, com uma réplica na sede do clube inglês.
Aspectos como políticas de imigração e disputas tarifárias podem dificultar a presença de torcedores no Mundial. Trump já fez ameaças de retirar o torneio de Seattle e São Francisco, “governadas por lunáticos radicais de esquerda que não sabem o que estão fazendo”.
A Fifa afirmou que isso não ocorrerá. “O futebol sobreviverá a regimes, governos e slogans, e causa dor de cabeça de vez em quando (…). Mas essa é a beleza do nosso jogo; ele é maior do que qualquer indivíduo ou país,” declarou Victor Montagliani, um dos vice-presidentes da entidade.
Resta saber se essa lógica se aplicará também ao imprevisível Trump.