Após a derrota nas eleições legislativas da Província de Buenos Aires, o presidente da Argentina, Javier Milei, enfrentou dificuldades. O dólar subiu, a bolsa atingiu níveis baixos e o risco-país aumentou.
A situação começou a mudar após sua visita a Nova Iorque, onde se reuniu com o presidente dos Estados Unidos, que prometeu ajuda econômica. Isso animou o mercado e os índices negativos voltaram a se recuperar.
Entretanto, essa animação foi breve, pois os índices voltaram a cair nesta semana. O dólar americano estava sendo negociado perto do teto estabelecido pelo Banco Central, a 1.450 pesos, na sexta-feira (3).
O índice risco-país, que mede a percepção do mercado sobre a situação do país, voltou ao nível registrado um mês atrás, alcançando 1.264 pontos, após ter ficado abaixo dos 900 pontos.
A medida se dá em um cenário de tensão cambial na Argentina, com receio de que o governo reestabeleça controle sobre a compra de dólares. Após uma abertura nas transações de câmbio, o Ministério da Economia começou a restringir essa negociação novamente.
O governo determinou, por exemplo, que carteiras digitais não podem vender dólares aos argentinos. Dessa forma, empresas como Mercado Pago e Cocos Capital perderam suas autorizações para operar, já que utilizavam a infraestrutura de terceiros para realizar transações.
“A compra e venda de dólares é regulamentada pelo Banco Central da República Argentina e somente pode ser feita por entidades autorizadas. Isso significa que apenas bancos e casas de câmbio podem realizar operações de câmbio. Terceirizar essas operações não é permitido”, afirmaram representantes do Banco Central ao portal Infobae.
Esta decisão impacta fortemente o Mercado Pago, que havia lançado uma campanha de venda de dólares em julho, utilizando uma liberação anterior. No contexto em que grande parte da população já utiliza dólares, a mudança foi significativa.
O presidente do Banco Central defendeu a decisão, afirmando que não houve alterações na regulamentação, e que o acesso ao mercado de câmbio continua garantido, mas apenas através de bancos autorizados, corrigindo uma interpretação errada.
“Identificamos entidades não autorizadas realizando operações com pessoas físicas, o que é de responsabilidade exclusiva de bancos e casas de câmbio. Carteiras e corretoras estavam realizando essas operações. Percebemos isso, revisamos os regulamentos e esclarecemos que essa interpretação estava incorreta”, explicou Santiago Bausilia.
Mais problemas
Todo esse movimento no mercado ocorre a poucos dias de uma segunda eleição importante para Milei, na qual outras províncias da Argentina vão eleger seus senadores. Além das suspeitas de corrupção envolvendo membros do governo, um parlamentar próximo a ele está vinculado a um escândalo com o crime organizado.
Em 2019, o deputado federal José Luís Espert, do mesmo partido de Milei, recebeu US$ 200 mil do empresário Alfredo Fred Machado, que foi acusado nos Estados Unidos de ter vínculos com o narcotráfico e chegou a ser alvo de um pedido de prisão internacional.
O parlamentar confirmou em um vídeo que recebeu o montante, mas alegou que era o pagamento por um serviço de consultoria para uma mineradora na Guatemala. Ele ainda afirmou que só descobriu sobre a condenação de Fred em 2021, quando tomou conhecimento do pedido de prisão.
“Eu entrei em pânico. Nunca imaginei que algo assim pudesse acontecer comigo na vida”, disse. “[Ele] era procurado pela justiça dos EUA por atividades relacionadas ao tráfico de drogas e por fraudar compradores e vendedores de aeronaves”, finalizou.