Após registrar máximas históricas em setembro, o Ibovespa (IBOV) não manteve o crescimento e iniciou outubro em baixa. No dia 1º de outubro, o principal índice da bolsa brasileira apresentou uma queda de 0,49%, fechando o pregão a 145.517,35 pontos.
Esse movimento foi influenciado pela intensificação da aversão ao risco global, em razão do início do shutdown do governo dos Estados Unidos, além da atenção voltada para as discussões fiscais em Brasília.
No câmbio, o dólar à vista teve uma leve alta, de 0,11%, fechando a R$ 5,3286.
Fiscal em pauta em Brasília
O destaque no noticiário nacional foi a tramitação de projetos importantes no Congresso. A Câmara dos Deputados deve votar ainda hoje um projeto de lei que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para trabalhadores que recebem até R$ 5 mil mensais.
A proposta também prevê um desconto para rendimentos de até R$ 7.350 por mês e a criação de uma alíquota mínima de 10% para contribuintes de alta renda.
Paralelamente, os parlamentares analisam a medida provisória (MP) que eleva a taxação sobre apostas esportivas online e aplicações financeiras, a qual perderá validade na próxima quarta-feira (8), se não for aprovada.
O governo projeta arrecadar R$ 20 bilhões com essa medida, além de reduzir R$ 15 bilhões em despesas, buscando atingir as metas fiscais estabelecidas.
Altas e quedas no Ibovespa
O pregão apresentou oscilações significativas entre os papéis que compõem o índice.
A Braskem (BRKM5) foi o destaque positivo, subindo quase 5% após a aprovação sem restrições do Cade para a venda da NSP Investimentos, controladora da petroquímica, ao fundo Petroquímica Verde.
O GPA (PCAR3) também se recuperou, revertendo perdas anteriores e se destacando entre os maiores ganhos.
Na ponta negativa, Vamos (VAMO3), Ultrapar (UGPA3) e CVC (CVCB3) lideraram as quedas.
Entre as blue chips, Petrobras (PETR4) acompanhou a queda do petróleo no exterior, enquanto a Vale (VALE3) registrou um avanço de cerca de 1%, mesmo sem novidades sobre o minério de ferro, devido ao fechamento das bolsas na China por feriado.
A mineradora foi influenciada pelas declarações de seu CEO, Gustavo Pimenta, que afirmou que a Vale está em processo de recuperação de valor e que hoje oferece o melhor retorno total aos acionistas do setor, considerando dividendos e valorização das ações.
Shutdown e Fed no radar
Externamente, os mercados monitoraram de perto o início oficial do shutdown do governo dos EUA, resultado do impasse entre democratas e republicanos sobre o orçamento. O Senado rejeitou uma proposta emergencial que manteria as operações até novembro.
Apesar do clima político conturbado, os índices de Wall Street fecharam em alta, impulsionados pelos resultados positivos do setor farmacêutico.
O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou que a Pfizer fornecerá medicamentos com descontos de até 100% no site do governo, o que animou os investidores.
O mercado também reforçou as apostas de que o Federal Reserve cortará os juros em outubro. A ferramenta FedWatch, do CME Group, indicou 99% de probabilidade de uma redução de 0,25 ponto percentual, em comparação a 96,2% no dia anterior.
Esse movimento se intensificou após o relatório da ADP mostrar a perda de 32 mil empregos no setor privado em setembro, contrariando a expectativa de criação de 50 mil postos de trabalho.
Confira o fechamento das bolsas em Wall Street:
- Dow Jones: +0,09%, aos 46.441,10 pontos;
- S&P 500: +0,34%, aos 6.711,20 pontos;
- Nasdaq: +0,42%, aos 22.755,15 pontos.
Na Europa, os índices tiveram alta, impulsionados pelo setor siderúrgico em meio a rumores sobre cortes nas cotas de importação de aço pela União Europeia.
O Stoxx 600 avançou 1,15%, marcando 564,62 pontos, enquanto o FTSE 100, de Londres, alcançou um novo recorde nominal histórico.
Na Ásia, os mercados mostraram resultados mistos. O Nikkei, do Japão, caiu 0,85%, enquanto Hong Kong não registrou negociações devido a feriado.
O que esperar para o novo mês
O início de outubro trouxe uma mudança de clima no mercado brasileiro. Enquanto setembro foi um mês de recordes para o Ibovespa, outubro começou sob a pressão do cenário fiscal e da instabilidade política nos Estados Unidos.
A situação do shutdown nos EUA, a expectativa de cortes de juros pelo Fed e as dificuldades nas votações em Brasília devem manter os investidores em alerta nas próximas semanas.