Quando não se fala do Banco do Brasil (BBAS3) nas conversas de investidores pessoas físicas, a BB Seguridade (BBSE3), braço de seguros da estatal, logo se destaca. Desde o início de maio, suas ações desvalorizaram −21,70%, caindo de R$ 42,77 para R$ 33,50.
A corretora Ativa Investimentos atualizou sua análise sobre a BB Seguridade nesta virada de mês entre setembro e outubro, prevendo que a recuperação para R$ 42,00 por ação deve levar muito mais tempo.
Os problemas nas carteiras de crédito do agronegócio e de pequenas e médias empresas no Banco do Brasil indicam uma deterioração gradual dos prêmios da Brasilseg, que está vinculada à BB Seguridade. Além disso, a BrasilPrev terá que se adaptar ao impacto do IOF sobre os aportes adicionais em VGBL, que será aumentado para R$ 300 mil em 2025 e R$ 600 mil em 2026.
O analista Ilan Arbetman, em relatório, afirma: “Diante de um case que combina curto prazo resiliente com médio prazo desafiador, mantemos recomendação neutra para BBSE3, ajustando nosso preço-alvo de R$ 42,10 para R$ 39,00 por ação em 12 meses”.
O especialista ressalta que a BB Seguridade continua apresentando resultados consistentes, com sinistralidade abaixo da média histórica na Brasilseg, além de um desempenho financeiro positivo devido à taxa Selic de 15% ao ano.
Na visão da Ativa Investimentos, o guidance para 2025 permanece viável e o payout deve manter-se em torno de 90%, permitindo que a seguradora apresente um dividend yield acima de 10%.
A BB Seguridade adota uma política de distribuição elevada, repassando cerca de 90% do lucro líquido aos acionistas. Segundo o cálculo de Arbetman, esse patamar deve se manter, com dividendos estimados em R$ 3,66 por ação em 2025 e R$ 4,08 por ação em 2026.
Risco pouco falado sobre BBSE3
Muitos investidores não percebem que o modelo de negócios da BB Seguridade depende significativamente de parcerias. Mudanças nos contratos que regem essas parcerias podem impactar a percepção do mercado sobre a companhia.
A BB Seguridade é fortemente dependente do Banco do Brasil, que é o canal exclusivo para a distribuição de produtos da Brasilseg, Brasilprev e BB Corretora. O contrato entre Brasilseg e a multinacional espanhola Mapfre é válido até 2031, enquanto o da BB Corretora com o Banco do Brasil vai até 2033.
O analista da Ativa Investimentos conclui que, embora não haja negociações em andamento, alterações futuras nesses contratos podem afetar a distribuição de produtos e o valuation da companhia.
A seguradora possui R$ 1,9 bilhão em ações em tesouraria, resultado de um programa de recompra. Embora a gestão reconheça que as ações estão abaixo do preço justo, não há planos para um novo programa de recompra em 2025, devido ao impacto em seu capital.
Dados do Investidor10 mostram que, se um investidor tivesse aplicado R$ 1 mil em BBSE3 há cinco anos, o montante hoje seria de R$ 1.950,50, considerando o reinvestimento dos dividendos. Em comparação, o Ibovespa teria retornado R$ 1.524,30 em circunstâncias semelhantes.