A Gerdau (GGBR4) anunciou uma redução na projeção de investimentos, que deve ser de R$ 4,7 bilhões em 2026, após ter estimado R$ 6 bilhões para 2025.
O corte de 21,6% foi divulgado em 1º de novembro e é atribuído ao aumento da concorrência com o aço chinês no Brasil.
O CEO da Gerdau, Gustavo Werneck, já havia indicado que não era viável aumentar a capacidade produtiva no Brasil, devido à pressão dos preços do aço relacionados à oferta de aço chinês.
Werneck confirmou que a “competição desleal” persiste, levando a companhia a priorizar projetos para aumentar sua competitividade em relação ao aço importado da China.
Em um comunicado, a Gerdau esclareceu que a diminuição da projeção de capex se deve, entre outros fatores, ao fato de que alguns projetos estão temporariamente suspensos no Brasil, “em razão das perspectivas do mercado local”.
Outros fatores que influenciaram a atualização do guidance incluem a finalização de projetos em andamento e a revisão dos investimentos em projetos prioritários.
R$ 3 bi para manutenção por ano
Em 2025, a Gerdau deve investir R$ 3 bilhões em manutenção e mais R$ 3 bilhões em projetos voltados para competitividade, incluindo aumento de produção e modernização das operações.
Para 2026, os investimentos em manutenção, voltados para a extensão da vida útil e melhoria operacional dos equipamentos, serão superiores, com um plano de investir R$ 2,9 bilhões em manutenção e R$ 1,8 bilhão em competitividade.
Os 3 projetos prioritários
Os investimentos de 2026 serão alocados, principalmente, em três projetos prioritários:
- a expansão da usina de aço de Midlothian, no Texas, Estados Unidos;
- a construção de um novo centro de reciclagem e processamento de sucata em Pindamonhangaba, São Paulo;
- o desenvolvimento do projeto de mineração sustentável e a ampliação da vida útil da mina de Miguel Burnier, Minas Gerais.
Segundo estimativas da empresa, esses projetos devem gerar um Ebitda anual de R$ 1,5 bilhão quando finalizados.
Perspectivas de crescimento
Considerando a concorrência com o aço chinês e as altas taxas de juros, a Gerdau prevê um crescimento moderado no Brasil em 2026, mas detecta oportunidades de expansão no mercado americano.
Com as tarifas implementadas por Donald Trump, as importações de aço diminuíram e os preços no mercado americano aumentaram. A Gerdau espera se beneficiar desse cenário por meio de suas operações nos Estados Unidos, onde já observa uma elevação na demanda por aços especiais.
Retorno aos acionistas
Apesar das incertezas do mercado, o diretor financeiro da Gerdau, Rafael Japur, reafirmou que o retorno para os acionistas continua sendo uma prioridade para a empresa.
“É uma prioridade não negociável”, destacou Japur durante o Gerdau Investor Day, o encontro anual com analistas e investidores.
Nos últimos anos, a Gerdau tem distribuído dividendos acima do mínimo exigido, com um payout de 65,9% em 2024.
Além disso, a companhia mantém um programa de recompra de ações que deve ser totalmente implementado ainda este ano, conforme stated por Japur.