A situação atual da Ambev (ABEV3) não é favorável, conforme a análise da XP Investimentos. Em 30 de junho, o banco divulgou um relatório reclassificando suas projeções para a ação de neutro para venda.
Essa decisão foi motivada por resultados insatisfatórios no segundo trimestre e por várias circunstâncias que podem agravar os números da empresa. Os analistas mencionaram a diminuição do consumo de bebidas alcoólicas pela geração Z, que é o público-alvo para os principais produtos da Ambev.
A XP reduz também o preço-alvo das ações de R$ 13,40 para R$ 10,90, representando uma queda de 19% em relação ao preço atual. Na última segunda-feira, as ações fecharam a R$ 12,40, um valor considerado elevado pelos analistas.
Os analistas Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak destacaram que o aumento do uso de medicamentos para emagrecimento pode afetar as vendas da empresa. Estima-se que indivíduos que utilizam remédios como Ozempic e Mounjaro podem reduzir o consumo de álcool em até 50%.
“Aproveitamos para levantar questões estruturais sobre o caso de investimento, especialmente quanto à capacidade da empresa de gerar crescimento de resultados em meio à tendência de Health & Wellness e ao aumento do consumo de medicamentos à base de GLP-1. Em nossa perspectiva, essas tendências, somadas ao baixo crescimento dos resultados, devem limitar a capacidade de reavaliação da ação”, escreveram.
Outro aspecto preocupante mencionado por eles foi a situação climática, que indica temperaturas abaixo da média histórica neste segundo semestre, o que pode impactar o consumo. Adicionalmente, a inauguração de uma nova unidade da Heineken no Brasil ainda em 2023 deve aumentar a concorrência, intensificando a pressão sobre a fabricante nacional.
“Além do curto prazo, projetamos que a dinâmica de receita continuará desafiadora até 2026, especialmente devido a um ambiente mais competitivo, uma vez que o principal concorrente anunciou uma estratégia focada em volume após abrir uma nova planta em 2025. Isso provavelmente provocará desafios tanto para os volumes quanto para a capacidade de precificação da ação ABEV3”, concluem.