A Braskem (BRKM5) busca otimizar sua estrutura de capital, e essa solução pode impactar credores e acionistas da petroquímica.
A Petrobras (PETR4) é uma das principais acionistas da Braskem, com 36,1% das ações. Essa participação é superada apenas pela Novonor (ex-Odebrecht), que busca vender os 38,3% que possui na empresa.
Dessa forma, a Petrobras é vista por analistas como essencial para a reestruturação da Braskem, especialmente se desejar manter sua participação.
Segundo o BTG Pactual, a conversão de dívida em ações é uma possível estratégia para reorganizar as finanças da Braskem, mas isso resultaria na diluição dos acionistas atuais.
O BTG Pactual aponta que a Petrobras pode precisar investir na Braskem para preservar sua participação em caso de conversão de dívida, o que poderia levar a uma redução nos dividendos pagos a seus acionistas.
“A Petrobras precisaria espelhar continuamente qualquer conversão de dívida com novo capital para preservar sua participação, o que impactaria diretamente o retorno aos acionistas”, explicou o BTG.
Simulação
“Se 25% da dívida da Braskem (US$ 1,7 bilhão) fossem convertidos em capital, a Petrobras precisaria compensar isso com uma injeção adicional de US$ 1,7 bilhão para evitar a diluição”, explicou o banco.
Neste cenário, a alavancagem da Braskem, medida pela relação Dívida Líquida Ajustada/Ebitda Recorrente, cairia de 10,6x para 2,6x, segundo cálculos do BTG.
Os dividendos da Petrobras também seriam afetados. O BTG estima que, neste cenário, o DY (Dividend Yield) da Petrobras poderia cair 0,8 ponto percentual, para 8,2%.
Agências veem reestruturação no curto prazo
Em relatório, o BTG Pactual destacou que o futuro da Braskem ainda é incerto.
A S&P acredita que há uma “probabilidade elevada de reestruturação da dívida nos próximos seis meses”, devido às condições desafiadoras do setor e à alta alavancagem da Braskem.
A Fitch concorda. Para a agência, a contratação de assessores financeiros pela Braskem “evidencia o perfil financeiro estressado, aumentando a probabilidade de inadimplência ou reestruturação da dívida no curto e médio prazo”.
A Braskem anunciou a contratação de assessores financeiros e jurídicos para auxiliar na criação de um diagnóstico de alternativas econômico-financeiras para otimizar sua estrutura de capital.
A informação causou preocupação no mercado, levando as agências de classificação de risco a rebaixar os ratings da Braskem.
A S&P e a Fitch mantêm o rating da Braskem em nível especulativo, indicando um risco de crédito considerável. Veja aqui a análise das agências.