A Cosan (CSAN3) anunciou uma oferta de ações de R$ 10 bilhões na última semana, com o objetivo de não apenas reforçar seu caixa, mas também de reduzir dívidas e reposicionar o grupo, que deverá focar na monetização de subsidiárias não listadas, como Compass, Moove e Radar.
Segundo os analistas Vicente Falanga e Ricardo França, a introdução de novos acionistas e a injeção de capital possibilitam que a Cosan acelere essa mudança de foco.
O objetivo é capturar valor de ativos com baixa liquidez, mas que são significativos para o portfólio da empresa.
IPOs ou vendas privadas podem destravar valor
O Bradesco BBI acredita que a monetização das subsidiárias pode ocorrer por meio de aberturas de capital (IPOs) ou ofertas privadas, dependendo das condições de mercado e do cenário político próximo à eleição presidencial de 2026.
Este movimento pode reduzir a dependência da Cosan em relação à gestão de dívidas e destravar valor que não está refletido no preço atual de suas ações.
Potencial de valorização de até 20%
Um ponto central no relatório do Bradesco BBI é o desconto de holding aplicado à Cosan, que é a diferença entre o valor de mercado da empresa e o total dos valores de seus ativos.
Com o preço da nova oferta de R$ 5,00 por ação, o desconto alcança 37%, superando o atual de 23%, calculado sobre a cotação de R$ 6,10.
Os analistas estimam que, se o desconto melhorar para níveis similares a outras holdings brasileiras, as ações da Cosan podem se valorizar em cerca de 20% em relação ao preço da oferta.
Isso poderia levar o mercado a reavaliar a empresa de forma mais positiva, reconhecendo um valor adicional em suas subsidiárias.
Eliminação do desconto no médio prazo
O Bradesco BBI destaca que, se a Cosan mostrar que seus ativos têm valor superior ao que o mercado precifica atualmente, há potencial para não só reduzir o desconto, mas até eliminá-lo no médio prazo.
Esse cenário seria benéfico para os acionistas, pois implicaria uma precificação dos ativos mais próxima de sua realidade operacional.
Um divisor de águas para a Cosan?
Um fator importante para o sucesso dessa estratégia é o grupo de acionistas da Cosan, que inclui Aguassanta, Perfin e BTG Pactual (BPAC11).
O mercado observará se esse bloco de controle conseguirá aprimorar a governança corporativa, aumentar a transparência e comunicar efetivamente o valor das subsidiárias.
Para o Bradesco BBI, a confiança dos investidores dependerá da habilidade desse grupo em equilibrar interesses de curto prazo, como a redução de dívidas, com objetivos de médio e longo prazo, como a monetização e expansão.
A atual movimentação da Cosan pode marcar um ponto de virada em sua trajetória.