Tem quem diga por aí que o agronegócio é “pop”, mas se o investidor não se atentar ao momento em que estamos no ciclo das commodities, pode acabar pagando caro e demorando muito para recuperar o investimento. E o contrário também é verdadeiro. Logo, apenas uma ação de frigorífico brasileiro anima os analistas em 2025.
Tanto que a corretora de valores Ativa investimentos dedicou um relatório inteiro só para explanar sua visão sobre o setor de proteína animal, onde de cara já alerta sobre a virada no ciclo bovino no Brasil em 2026, trazendo a maior restrição na oferta de gado.
Atualmente, são três as opções de frigoríficos brasileiros com capital aberto:
- JBS (JBSS32), que recentemente listou suas ações também nos Estados Unidos;
A escolha dos analistas Lucas Dias e Ricardo Santos é a JBSS32, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 99 por ação nos próximos 12 meses, no caso, tratando-se do Brazilian Depositary Receipts (BDR) negociado na B3.
“Existe potencial de valorização de +20% em JBSS32, mesmo com a virada de ciclo bovino no Brasil, já que o frigorífico combina uma geração de caixa forte e resiliente a um operacional diversificado”, explicam os analistas da Ativa Investimentos, em relatório.
O sabor dos frigoríficos
A JBS é o frigorífico brasileiro mais diversificado, tanto do ponto de vista geográfico, por manter operações em diversos países, quanto no quesito de proteínas animais, não dependendo exclusivamente da carne bovina, sendo também forte em frangos, suínos e até pescados.
A carne de frango continua em um bom momento, alinhada à queda no preço do milho (usado na ração das aves), que, embora elevado, ainda não respondeu à última queda do grão, o que pode beneficiar a rentabilidade da JBSS32.
A nova gigante MBRF (MBRF3), fruto da fusão entre Marfrig (focada em bovinos) e BRF (focada em frangos e suínos), poderá também aproveitar sua diversificação, mas a Ativa Investimentos mantém recomendação neutra e preço-alvo de R$ 22 por ação nos próximos 12 meses.
“Vemos MBRF3 com pouco espaço para valorização por conta da fusão recente, que gera despesas extraordinárias e pode ser suscetível a riscos operacionais, combinado com o cenário mais desafiador no que se refere ao ciclo do boi para 2026”, afirmam os especialistas.
A Minerva Foods (BEEF3) segue com recomendação neutra e preço-alvo de R$ 7 por ação nos próximos 12 meses, devido à possibilidade de restrição nos rebanhos de gado no Brasil, que encarecem os custos de reposição.
Os analistas apontam ainda que BEEF3 enfrenta um alto endividamento em tempos de taxa Selic a 15% ao ano, o que impacta negativamente a margem bruta, sem sinais de melhoria no curto prazo.
Indicadores fundamentalistas
- Endividamento projetado para MBRF3: 2,5 vezes em 2025 / 2,3 vezes em 2026 / 1,7 vezes em 2027
- Endividamento projetado para BEEF3: 3,9 vezes em 2025 / 4,5 vezes em 2026 / 5,0 vezes em 2027