A Gol Linhas Aéreas (GOLL54) anunciou na quinta-feira, 25 de janeiro de 2025, sua desistência da fusão com a Azul, encerrando o memorando de entendimentos assinado em 15 de janeiro de 2025. O comunicado foi feito pela Abra, controladora da Gol.
Simultaneamente, a companhia também informou o fim do acordo de compartilhamento de voos (codeshare) com a Azul.
Esse mecanismo permitia que os clientes comprassem passagens integradas entre as duas empresas, incluindo trechos operados por uma delas.
A Gol garantiu que todos os bilhetes já emitidos serão mantidos, sem prejuízo para os passageiros que adquiriram passagens durante a parceria.
Quem já comprou passagens pode ficar tranquilo
Especialistas afirmam que não haverá impacto para os passageiros que já compraram bilhetes em codeshare. As companhias devem manter horários, serviços contratados e condições de viagem.
O advogado José Roberto Ruiz, especialista em direito do consumidor, destacou que não pode haver negativa de embarque, restrição de bagagem ou alteração unilateral. Em caso de falhas de comunicação, a recomendação é armazenar protocolos e comprovantes.
Adicionalmente, mesmo com o fim do acordo, o check-in continuará sendo realizado pela companhia responsável pelo voo ou pelo primeiro trecho, no caso de conexões, mantendo a experiência para quem já comprou.
Remarcações e reembolsos seguem com a emissora do bilhete
Para remarcações, cancelamentos ou reembolsos, os passageiros devem contatar a empresa que vendeu a passagem. O procedimento permanece centralizado, sem a necessidade de se comunicar com ambas as companhias.
Ruiz também lembrou que a legislação estabelece responsabilidade solidária: em caso de negativa de atendimento, tanto a companhia vendedora quanto a operadora do voo podem ser acionadas.
O que muda daqui para frente?
- Fim imediato das vendas em codeshare: não será mais possível comprar voos da Azul pelo site da Gol e vice-versa, embora a atualização dos sistemas leve alguns dias;
- Menos rotas conectadas: passageiros que utilizavam rotas combinadas podem precisar comprar bilhetes separados, especialmente em cidades de menor porte;
- Mais custos potenciais: sem integração, pode haver cobrança adicional de bagagem, aumento do risco em conexões e tarifas elevadas nas rotas que dependiam do codeshare.
Mais concorrência, menos conveniência
Especialistas entendem que a desistência da fusão mantém a concorrência entre Gol e Azul, o que pode conter aumentos automáticos de tarifas e ampliar as opções para os passageiros.
Por outro lado, o fim do codeshare diminui a conveniência das conexões integradas. O advogado Renan de Araújo Xisto, do Paschoini Advogados, resumiu:
“Há um trade-off: o consumidor perde a conveniência da integração, mas ganha em concorrência, o que ajuda no equilíbrio de preços.”
Na prática, os passageiros precisarão ter mais atenção ao planejar suas viagens, especialmente em rotas regionais. O mercado aéreo brasileiro continua com dois grandes operadores independentes, o que reforça a competitividade do setor.