A fusão entre Gol (GOLL54) e Azul (AZUL4) não será realizada neste momento. A controladora da Gol, Abra, decidiu encerrar as negociações sobre a combinação de negócios nesta quinta-feira (25).
Em carta enviada à Azul, a Abra informa que as negociações não avançaram nos últimos nove meses. As partes não tiveram discussões significativas ou progresso em uma possível operação de fusão devido ao foco da Azul em seu processo de recuperação judicial nos Estados Unidos.
A Abra mencionou que um representante da Azul declarou que as negociações tiveram início “em outro cenário e em outro momento das empresas, que não é mais o mesmo”.
As negociações sobre a fusão foram iniciadas em janeiro de 2025, durante o processo de recuperação judicial da Gol, que foi encerrado em junho, prometendo uma nova fase como uma empresa mais forte e competitiva.
A Azul, por sua vez, entrou em recuperação judicial em maio nos Estados Unidos, mas pretende finalizar o processo ainda neste ano. Recentemente, apresentou um plano de recuperação à justiça americana que inclui a eliminação de US$ 2 bilhões em dívidas e um reforço de capital de ao menos US$ 950 milhões.
Com o impasse, a controladora da Gol decidiu encerrar as conversas sobre a fusão, mas acredita no “mérito de uma combinação de negócios entre a Azul e a Gol”. A empresa afirmou estar disposta a engajar com os stakeholders pertinentes.
Compartilhamento de voos
Além de encerrar as negociações sobre a fusão, a Gol decidiu também cancelar o acordo de codeshare firmado com a Azul em maio de 2024.
Esse acordo comercial permitia a conexão das malhas aéreas das duas companhias no Brasil, possibilitando que uma empresa vendesse bilhetes para voos operados pela outra, incluindo o uso de pontos dos programas de fidelidade.
Gol e Azul garantiram que honrarão os bilhetes já vendidos na parceria.
As duas empresas estavam proibidas desde o início de setembro de incluir novos voos no acordo, por decisão do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
A suspensão permaneceria até que as empresas apresentassem os termos do acordo ao órgão, que avaliaria se a parceria violaria a concorrência no setor aéreo brasileiro.
O que disse a Azul?
Em comunicado, a Azul confirmou o término das discussões comerciais com a controladora da Gol e reafirmou seu comprometimento com a estruturação de seu capital.
Governo fala em recuperação
O governo brasileiro acompanhou de perto as negociações entre Azul e Gol, já que a fusão formaria a maior companhia aérea do Brasil.
Com o encerramento das negociações nesta quinta-feira (25), o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que essa situação resulta do fortalecimento das companhias aéreas e do crescimento do setor no Brasil.
O ministério acrescentou que o setor aéreo brasileiro continua em expansão, com aumento na demanda por voos, refletindo em um número crescente de passageiros.
A Gol concluiu recentemente seu processo de reestruturação e continua em expansão, enquanto a Azul também está em fase de reorganização.
O Ministério de Portos e Aeroportos destacou que o setor aéreo brasileiro permanecerá competitivo com essa decisão, garantindo a presença de três grandes companhias (Gol, Azul e Latam) para mais opções aos passageiros.
Os investidores reagiram positivamente à recuperação do setor, com ações da Gol e Azul subindo na B3 nesta sexta-feira (26). Às 11h53, os papéis da Azul subiam 15,24% e os da Gol 4,07%.