O Banco do Brasil (BBAS3) realizou na última quarta-feira (24) seu Investor Day em Nova York, destacando que 2025 será um ano de transição desafiadora para a instituição.
Analistas do BTG Pactual e da XP Investimentos apontam que o banco enfrenta um cenário de estresse, especialmente em sua carteira de agronegócio, e que uma recuperação mais sólida é esperada apenas a partir de 2026.
Agro sob pressão
De acordo com um relatório do BTG, os executivos do BB informaram que cerca de 50% das provisões estão concentradas no agronegócio, um segmento afetado por:
- queda das commodities,
- custos de produção elevados,
- impactos climáticos recentes,
- e o efeito retardado do aperto monetário de 2024.
O banco também enfrentou problemas devido à rápida expansão da carteira agro, que cresceu de R$ 150 bilhões para mais de R$ 450 bilhões em três anos, o que aumentou o nível de inadimplência.
Respostas do banco
Para enfrentar esses desafios, o Banco do Brasil informou que está adotando medidas como:
- exigência de garantias mais robustas nas concessões de crédito,
- revisão de processos internos,
- e a utilização de uma matriz de resiliência baseada em inteligência artificial (IA), que classifica clientes em quatro categorias e orienta desde a originação até a recuperação do crédito.
Apesar do ambiente desafiador, o BB reafirmou sua meta de Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) entre 11% e 13% para 2025.
Entretanto, o BTG projeta um ROE mais baixo, de 10,6%, com um lucro líquido de R$ 19,7 bilhões, em comparação à projeção oficial de R$ 21 a R$ 25 bilhões. Para alcançar o piso dessa meta, o banco precisaria apresentar resultados melhores já no quarto trimestre, o que é visto com cautela por investidores.
Visão da XP: “ponto de inflexão”
A XP Investimentos avaliou que o Banco do Brasil considera 2025 como um “ponto de inflexão”, ano que busca restaurar rentabilidade, fortalecer capital e preparar a retomada do crescimento em 2026.
A corretora destacou a ênfase do banco em áreas como:
- expansão do crédito consignado privado,
- diversificação de receitas,
- e transformação digital.
No entanto, a XP alerta que a desaceleração macroeconômica e as taxas de juros elevadas continuarão a pressionar as carteiras de pessoas físicas e PMEs, aumentando a necessidade de provisões no curto prazo.
Recomendação dos analistas
Diante desse contexto, tanto o BTG quanto a XP mantêm recomendação neutra para o BB. O BTG estima preço-alvo de R$ 23, enquanto a XP aponta R$ 25.
Na opinião das instituições, embora o Banco do Brasil demonstre resiliência estrutural, a visibilidade continua limitada, e outros bancos privados, como o Itaú (ITUB4), estão melhor posicionados neste momento.