O presidente Donald Trump gerou um grande prejuízo à Kenvue ao aconselhar, durante esta semana, que mulheres grávidas não tomem Tylenol, um medicamento à base de paracetamol fabricado pela empresa.
Trump não apresentou comprovações científicas e fez uma relação entre o uso do medicamento e casos de autismo, baseando-se em investigações inconclusivas que não são reconhecidas pela comunidade científica.
Ele afirmou: “Eles recomendam fortemente que as mulheres limitem o uso de Tylenol durante a gravidez, a menos que seja medicamente necessário, como para tratar a febre, se você não puder resistir”.
Trump ainda comparou a situação com Cuba, mencionando que no país haveria a afirmação de que não existem casos de autismo, alegando que isso seria porque não têm dinheiro para comprar Tylenol. No entanto, ele não apresentou evidências para sustentar essa comparação.
Essa declaração impactou ainda mais a situação da Kenvue, que já enfrenta desafios na bolsa de valores de NYSE, onde está listada. Nos últimos cinco dias, a farmacêutica perdeu mais de 6% de seu valor de mercado, totalizando cerca de R$ 33 bilhões.
No ano, a situação é mais complicada, com uma queda de quase 20% no ticker. Além do Tylenol, a Kenvue também possui marcas como Neutrogena, Listerine e Band-Aid em seu portfólio.
O Tylenol é um dos poucos medicamentos considerados seguros para tratar dor e febre em mulheres grávidas. A fabricante defendeu o uso do medicamento, afirmando que ele se destaca das demais opções disponíveis no mercado por evitar riscos de complicações, como aumento da pressão arterial, que pode prejudicar a saúde do bebê e da mãe.
A Kenvue declarou: “Acreditamos que a ciência independente e sólida demonstra claramente que tomar paracetamol não causa autismo. Discordamos veementemente de qualquer sugestão em contrário e estamos profundamente preocupados com o risco à saúde que isso representa para as mulheres grávidas”.
Casos de autismo no mundo
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que uma em cada 100 pessoas no mundo seja diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A comunidade científica ainda não chegou a um consenso sobre as causas do transtorno, mas especialista acreditam que fatores genéticos e ambientais podem contribuir para o diagnóstico em crianças.
Esses profissionais já descartaram correlações entre vacinas, medicamentos e alimentos com a condição de saúde, que não é considerada uma doença. O autismo é caracterizado por baixa interação social e de comunicação, além de padrões de comportamento atípicos resultantes de alterações no neurodesenvolvimento.
A OMS afirma: “O autismo é um grupo de diversas condições relacionadas ao desenvolvimento do cérebro. As características podem ser detectadas na primeira infância, mas geralmente só é diagnosticado muito mais tarde”.
Os EUA frequentemente aparecem entre os países com o maior número de portadores de autismo. Contudo, não está claro se isso se deve a uma maior probabilidade de ocorrência no país ou à facilidade de diagnóstico.