O Banco do Brasil (BBAS3) enfrenta alta na inadimplência no agronegócio, mas projeta resultados melhores a partir do quarto trimestre, conforme afirmou a CEO do banco, Tarciana Medeiros, nesta quarta-feira (24).
Em evento com investidores em Nova York, Tarciana Medeiros reconheceu que a inadimplência do agronegócio apresentou um “desvio completamente fora do previsto” neste ano, o que deverá impactar os resultados do banco no terceiro trimestre.
Ela também mencionou que já há sinais de melhora, em grande parte devido a medidas recentes do governo que podem auxiliar os produtores rurais a renegociar dívidas. Por isso, indicou que o BB deve começar a reduzir as provisões a partir do quarto trimestre deste ano.
“Estamos observando uma inadimplência resiliente ainda no terceiro trimestre, mas agora já temos notícias boas, com previsão de controle da inadimplência”, declarou. E seguiu: “A partir do final do quarto trimestre, veremos efeitos na provisão”.
A CEO do Banco do Brasil destacou que essa melhora será gradual, pois as provisões contra perdas esperadas costumam “subir de elevador e descer de escada”. Apesar disso, a expectativa de melhorias a partir do quarto trimestre animou o mercado, levando a um aumento nas ações do BB na B3.
Às 12h, as ações do Banco do Brasil estavam entre as mais negociadas do dia na bolsa brasileira, com alta de 1,76%, cotadas a R$ 22,52.
Segundo analistas, a expectativa de conversas entre os presidentes Donald Trump e Luiz Inácio Lula da Silva na próxima semana também contribui para o desempenho das ações. Um possível acordo entre Estados Unidos e Brasil reduziria o risco de sanções aos bancos brasileiros.
Além disso, há também otimismo com relação ao crescimento dos dividendos do banco em 2026. O CFO do Banco do Brasil, Geovanne Tobias, afirmou no encontro com investidores que a instituição pode rever o payout ou liberar dividendos extras no próximo ano, caso a estratégia de recuperação seja bem-sucedida.
“Ano de ajustes”
Em função da alta na inadimplência no agronegócio e das provisões, o lucro do BB caiu 20,7% no primeiro trimestre e despencou 60,2% no segundo trimestre de 2025. O banco revisou suas projeções para este ano, reduziu o payout e adiou o pagamento de dividendos.
Ao discutir o cenário com investidores nesta quarta-feira (24), a CEO do Banco do Brasil reconheceu que este “tem sido um ano de grandes desafios”, mas destacou que também é “um ano de ajustes, para fundamentar o crescimento futuro do banco”.
De acordo com ela, a instituição realizou uma “análise aprofundada” para compreender o cenário e ajustar suas estratégias. O banco intensificou as renegociações e atualizou as regras de concessão e cobrança de crédito, e já observa melhorias na qualidade de crédito da safra 2025/2026.
Dessa forma, o Banco do Brasil projeta um crescimento modesto da carteira de crédito do agronegócio neste ano, entre 3% e 6%, mas vê potencial para uma “retomada do crescimento” no futuro.
“Ainda há muito trabalho pela frente, mas temos confiança de que os ajustes estão alicerçando a retomada dos resultados do banco”, afirmou Tarciana Medeiros.