O Brasil vetou a participação dos Estados Unidos na reunião “Democracia Sempre”, que ocorrerá na próxima terça-feira (23), em Nova York, durante a Assembleia Geral da ONU.
A decisão foi divulgada pela Folha de S. Paulo no sábado (20) e reflete o distanciamento diplomático entre Brasília e Washington.
O encontro, organizado por Brasil, Espanha, Uruguai, Colômbia e Chile, acontece pelo segundo ano consecutivo em paralelo à Assembleia da ONU.
Em 2024, quando a reunião foi realizada apenas por Brasil e Espanha, participaram cerca de 30 países, incluindo os Estados Unidos.
Reforço ao discurso democrático
De acordo com integrantes do governo, somente países considerados democráticos foram convidados.
Fontes indicaram que o governo vê a gestão de Donald Trump comorepresentativa do que busca combater, justificando assim o veto.
O objetivo do encontro é debater formas de preservar e fortalecer instituições democráticas diante do avanço de governos autoritários e crises políticas em várias regiões do mundo.
Tensões crescentes com Washington
A decisão ocorre em um contexto de deterioração das relações comerciais e diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Em julho, Trump anunciou uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, alegando uma “relação comercial injusta” e mencionando a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro como justificativa.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou um artigo no The New York Times criticando essa medida.
No texto, Lula argumentou que tarifas não são a solução para disputas comerciais e reafirmou o compromisso brasileiro com o multilateralismo e com organismos internacionais.
Sem diálogo imediato
Segundo apuração do Estadão/Broadcast, o governo brasileiro não planeja, neste momento, uma reunião bilateral para discutir as tarifas ou seus impactos sobre as relações entre os dois países.
O foco do Planalto está em consolidar alianças com outros parceiros estratégicos e em reforçar sua imagem como defensor da democracia em fóruns multilaterais.