O Itaú (ITUB4) revisou suas projeções macroeconômicas nesta sexta-feira (19), reduzindo a estimativa para a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025, de 5,1% para 5,0%.
A principal razão para o ajuste é a expectativa de redução nos preços dos alimentos, impulsionada pela valorização do real frente ao dólar.
De acordo com o banco, a apreciação cambial deve impactar diretamente o custo de itens alimentícios importados e insumos agrícolas, além de possibilitar cortes nos preços da gasolina nas refinarias.
“A valorização da moeda influencia especialmente os preços dos alimentos e aumenta a chance de cortes nos preços da gasolina de refinaria”, destacou a equipe econômica.
Dólar mais barato e cenário internacional
O Itaú também revisou sua projeção para a taxa de câmbio ao fim de 2025: de R$ 5,50 para R$ 5,35.
A revisão é reflexo do ambiente global com expectativa de cortes de juros mais cedo nos Estados Unidos, o que fortalece o real em relação a outras moedas.
“Com a perspectiva de flexibilização monetária pelo Federal Reserve, a tendência é de que o dólar perca força globalmente, o que sustenta a visão de um real mais valorizado no curto prazo”, afirma o relatório.
Inflação: riscos e projeções para 2026
Apesar do alívio, o banco observa que ainda existem riscos para a inflação em 2025.
Entre os pontos de atenção, está a possibilidade de acionamento de bandeiras tarifárias mais altas no setor elétrico, dependendo do regime de chuvas e da recomposição dos reservatórios.
Para 2026, o Itaú manteve a previsão de IPCA em 4,4%, avaliando o balanço de riscos como “simétrico”, sem tendência clara para cima ou para baixo.
Em relação ao fiscal, o Itaú manteve a projeção de déficit primário de 0,6% do PIB para 2025, mas revisou para 1% do PIB em 2026.
O relatório indica que a forte dependência do governo em receitas extraordinárias é a principal fragilidade, gerando dúvidas sobre a sustentabilidade das finanças públicas no médio prazo.
Selic deve seguir em 15%
Na política monetária, o banco reafirmou sua previsão de Selic em 15% ao fim de 2025, com cortes iniciando apenas em 2026.
Entretanto, reconheceu que o risco de um corte antecipado aumentou, caso a valorização do real persista ou ocorra uma desaceleração econômica mais intensa do que a esperada.
Atividade econômica
O Itaú manteve a previsão de crescimento de 2,2% para o PIB em 2025, mesmo com viés de baixa.
A restrição de crédito, os altos níveis de juros e os efeitos defasados da política monetária sobre o consumo permanecem como fatores limitantes para a expansão da economia brasileira no próximo ano.