No início do ano, os brasileiros estavam inseguros sobre o futuro do dólar. A moeda alcançou a cotação histórica de R$ 6,20, levantando preocupações em relação à inflação.
Desde então, o cenário melhorou, com o real se valorizando quase R$ 1. Até agora, a moeda brasileira já teve uma valorização de 15%, segundo o Banco Central.
Na quinta-feira (18), o dólar fechou a R$ 5,30, tendo alcançado um mínimo de R$ 5,26 em alguns momentos, o menor valor dos últimos 12 meses.
Diante do cenário positivo, alguns analistas acreditam que a moeda dos EUA pode se desvalorizar ainda mais em relação ao real. O BTG Pactual (BPAC11) prevê uma queda para a faixa de R$ 4,60, beneficiando viajantes e investidores.
Os analistas do banco baseiam suas previsões em uma análise técnica que indica uma possível melhora no cenário econômico.
“A projeção técnica considera a diferença entre o topo e a base do gráfico, prevendo objetivos próximos a R$ 4,90 (61,8%) e R$ 4,60 (100%) a médio prazo”, afirmam Lucas Costa e Gabriela Sporch, responsáveis pelo relatório do BTG. Eles também mencionam que a acomodação da moeda pode levar a valores em torno de R$ 5,15 (100%) e R$ 5,00 (161,8%) nos próximos dias.
Embora não seja certo se a moeda alcançará esses níveis, é fato que o dólar tem perdido força globalmente. Nos últimos seis meses, o índice DXY, que mede a força da moeda, caiu quase 6%, refletindo uma pressão não só sobre o real, mas em relação a várias outras moedas.
Outra forma de medir essa performance é pela comparação com o euro, a segunda moeda mais negociada globalmente. Neste ano, o dólar desvalorizou-se em 12%, afastando-se da paridade de 1:1 que durou muitos anos.
XP mais pessimista
A XP Investimentos observa que a política tarifária de Donald Trump afetou negativamente a credibilidade do dólar. Por muito tempo, as reservas na moeda eram vistas como seguras, mas essa percepção mudou desde a posse do presidente.
“O contexto de flutuação nas tarifas de importação e tensões diplomáticas entre os Estados Unidos e seus principais parceiros comerciais levou os investidores a buscar alternativas além da maior economia do mundo, impactando diretamente o dólar e os mercados acionário e de renda fixa”, diz o relatório da gestora.
A visão da corretora é mais cautelosa, prevendo que o câmbio se mantenha em torno de R$ 5, levando em consideração o cenário econômico do Brasil. A XP simulou três cenários, refletindo sobre a inflação, commodities e finanças dos países.
“Nossas simulações econométricas indicaram uma taxa de câmbio variando entre R$ 5,00 no cenário otimista até R$ 6,30 no pessimista. O nosso cenário base estima uma taxa de câmbio em R$ 5,50 ao final de 2025,” comentaram Rachel de Sá, Rodolfo Margato e Luíza Pinese.