O futuro do Banco Master permanece incerto, quinze dias após o Banco Central (BC) negar a compra de parte da instituição pelo BRB (BSLI4).
Com isso, a instituição demitiu funcionários e contratou o ex-presidente Michel Temer para tentar persuadir as autoridades a liberar o negócio com o BRB.
De acordo com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o Banco Master demitiu 86 trabalhadores na segunda-feira (15), justificando que está enfrentando “um momento delicado de contenção de despesas”.
No mesmo dia, foi revelado que o Banco Master procurou Temer, reconhecido por sua habilidade em negociações e articulações políticas, para tentar viabilizar a venda para o BRB.
A parceria com Temer foi articulada pelo governador de Brasília, Ibaneis Rocha (MDB), conforme noticiado pela “Folha de S. Paulo”. A confirmação ocorreu na quinta-feira (18) pelo vice-presidente.
Em entrevista a jornalistas, Temer afirmou que foi chamado para “mediar a negociação”. “Contudo, não posso afirmar se a venda vai se concretizar, está começando agora”, acrescentou, segundo o “E-Investidor“.
Negociação com o BRB
O BRB anunciou em março a intenção de adquirir até 58% do capital social do Banco Master.
No entanto, o escopo da negociação foi sendo progressivamente reduzido, excluindo ativos considerados arriscados, como precatórios e operações de crédito sem garantias reais.
Assim, a parte do Banco Master que seria incorporada pelo BRB caiu pela metade, de R$ 48 bilhões para R$ 23,9 bilhões.
Apesar disso, a venda não foi aprovada pelo Banco Central. O BRB, por sua vez, indicou que pode recorrer da decisão do BC.
O banco solicitou acesso à íntegra da decisão para “avaliar seus fundamentos e examinar as alternativas cabíveis”. Contudo, até a segunda-feira (15), ainda não havia tomado decisão sobre as opções possíveis, segundo comunicado ao mercado.
O que acontece agora?
A situação gerou dúvidas sobre o futuro do Banco Master, já que a instituição cresceu com uma estratégia considerada arriscada por muitos no sistema financeiro.
Ademais, isso elevou as taxas dos CDBs (Certificados de Depósito Bancário) emitidos pela instituição no mercado secundário, exigindo cautela dos investidores, segundo especialistas consultados.
Sob a liderança de Daniel Vorcaro, a instituição ganhou notoriedade por emitir CDBs com taxas muito superiores às do mercado, atingindo até 150% do CDI em algumas situações.
Assim, o Banco Master possui uma das maiores carteiras de depósitos a prazo do país. Isso significa que ele recebe valores emprestados de seus clientes com a promessa de devolvê-los após determinado período, incluindo o pagamento de juros.
Entretanto, a instituição alocou uma parcela significativa dos recursos obtidos com esses títulos em ativos de baixa liquidez, como precatórios e direitos creditórios.
Diante disso, existem incertezas no mercado sobre a capacidade financeira da instituição, além do receio de que uma possível falência do Banco Master consuma uma parte considerável dos estoques do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que protege correntistas e investidores de bancos em risco de insolvência.
Segundo o “Valor Econômico”, o FGC já prorrogou um empréstimo emergencial de aproximadamente R$ 4 bilhões concedido ao Banco Master. O prazo do financiamento, no entanto, encerraria no fim deste mês de setembro.
Caso o BC considere que o Banco Master não tem condições de honrar suas obrigações, existe o risco de intervenção. O BC pode intervir em instituições financeiras que apresentam grave comprometimento de seu patrimônio ou dificuldades em cumprir seus compromissos, visando garantir a estabilidade do sistema financeiro brasileiro.