O Fed (Federal Reserve) cortou a taxa de juros americana pela primeira vez no ano em 17 de outubro de 2023.
A redução foi de 0,25 ponto percentual, como esperado pela maior parte do mercado, e levou a taxa a oscilar entre 4,00% e 4,25%.
Com isso, o Fed inicia um ciclo de corte de juros que deve se estender pelos próximos meses e pode impulsionar os negócios na bolsa brasileira.
Segundo projeções econômicas apresentadas em 17 de outubro, o Fed vê espaço para mais dois cortes de juros em 2025, um em outubro e outro em dezembro.
Para 2026, a maioria dos diretores do Banco Central dos Estados Unidos projeta apenas uma redução da taxa de juros.
Tamanho do 1º corte foi quase unânime
O corte dos juros americanos era amplamente esperado pelo mercado, e a extensão do ajuste foi quase unânime.
Entre os 12 membros do comitê que define a política dos juros americanos, apenas um discordou do corte de 0,25 ponto percentual anunciado em 17 de outubro: Stephen Miran, que votou por um corte maior, de 0,50 ponto percentual.
Miran é assessor da Casa Branca e foi eleito para o Fed na véspera da reunião, em meio às tentativas de Donald Trump de ampliar sua influência no Banco Central dos Estados Unidos.
Trump tem defendido o corte dos juros como uma forma de estimular a economia americana, criticando o presidente do Fed, Jerome Powell, e buscando demitir a diretora do Fed Lisa Cook, alegando fraudes hipotecárias.
O que explica o corte?
O corte dos juros americanos ocorre com a inflação ainda acima da meta de 2% do Fed, como uma forma de conter a desaceleração do mercado de trabalho americano.
O Fed tem um duplo mandato, que inclui garantir a estabilidade dos preços e promover o pleno emprego, e os últimos dados do mercado de trabalho americano geraram preocupação.
A economia americana criou 22 mil vagas de trabalho em agosto, resultado bem abaixo dos 75 mil postos de trabalho esperados.
A inflação americana acelerou 0,4% em agosto, acumulando 2,9% em 12 meses, reduzindo a chance de um corte mais agressivo dos juros em 17 de outubro.
“O Comitê está atento aos riscos para ambos os lados de seu duplo mandato e avalia que os riscos negativos para o emprego aumentaram”, afirmou o Fed ao anunciar o corte de juros.
O órgão avalia que indicadores recentes sugerem uma moderação da atividade econômica e uma desaceleração na criação de empregos nos Estados Unidos, o que resultou em uma leve alta na taxa de desemprego.
O Fed reconheceu que a “inflação subiu e permanece relativamente elevada” e indicou que “a incerteza sobre as perspectivas econômicas continua elevada”.
Uma das incertezas mencionadas por Powell está relacionada ao impacto das tarifas anunciadas por Trump na inflação.
Para o presidente do Fed, as tarifas já começaram a afetar os preços nos Estados Unidos, ainda que isso possa ser um fenômeno pontual e não um novo ciclo inflacionário.
Powell afirmou que os riscos de uma inflação mais alta e persistente provavelmente diminuíram um pouco, em parte devido à desaceleração do mercado de trabalho e ao crescimento do PIB.
Ele indicou que os riscos relacionados ao mercado de trabalho são mais elevados no momento, justificando o corte dos juros.