O Banco do Brasil (BBAS3) alcançou um marco significativo na B3. Em setembro de 2025, pela primeira vez, as ações do banco ultrapassaram Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) em termos de liquidez, um ranking historicamente dominado por essas duas empresas.
Até o dia 16 de setembro de 2025, os papéis do BB apresentaram um volume financeiro médio diário de R$ 799 milhões, em comparação a R$ 361 milhões no mesmo mês de 2024, refletindo um aumento de 121,3% em apenas 12 meses.
Esse crescimento não só reposiciona o banco no mercado, mas também indica um crescimento no interesse dos investidores em resposta a fatores políticos e conjunturais.
Petrobras e Vale perdem fôlego
Enquanto o Banco do Brasil se destaca, Vale e Petrobras apresentam queda. A mineradora, que liderava o ranking em setembro de 2024, agora está na terceira posição, com uma diminuição de 47,1% no volume médio diário, que caiu de R$ 1,36 bilhão para R$ 723 milhões.
A Petrobras, apesar de manter a vice-liderança, também registrou uma queda, com um recuo de 35,6% no volume negociado ao longo de um ano.
Os dados de setembro confirmam essa tendência: seis das sete ações mais negociadas reduziram sua liquidez em comparação a agosto, sendo o maior recuo da Vale (-34,8%) e seguido pela Petrobras PN (-26,4%).
BRF vira o “ponto fora da curva”
Diferente da maioria, a BRF (BRFS3) destacou-se como o “ponto fora da curva”. A empresa subiu da 28ª posição para a quinta no ranking de liquidez em apenas um ano, alcançando R$ 507 milhões em volume médio diário.
Entre agosto e setembro de 2025, a alta foi ainda mais surpreendente: 308,9%. Essa movimentação foi impulsionada pela fusão entre BRF e Marfrig, aprovada em agosto, e pela incorporação das ações da BRF pela Marfrig (MRFG3), cuja conclusão está prevista para 22 de setembro.
Esses fatores contribuíram significativamente para a valorização das ações da empresa, que voltou ao foco dos investidores.
Bancos privados levam a melhor
Embora a liquidez posicione o Banco do Brasil como protagonista, os resultados em valorização apontam em outra direção.
Os bancos privados dominaram o desempenho nos últimos 12 meses: Itaú Unibanco (ITUB4) teve alta de 23,11%, seguido por Bradesco (BBDC4) com 20,71%, e pela B3 (B3SA3), que cresceu 13,7%.
Em contrapartida, os piores desempenhos foram registrados pelo Banco do Brasil (-17,84%), BRF (-8,93%) e Petrobras (-1,37%). Portanto, a liquidez elevada não apresentou uma correlação direta com a valorização, especialmente no caso do BBAS3, que teve a maior queda entre os ativos analisados.
Uma fotografia da reconfiguração da B3
Os dados de setembro de 2025 revelam uma reconfiguração no mercado de capitais brasileiro.
O Banco do Brasil assume um papel central como ativo de referência, mesmo com a pressão sobre sua rentabilidade. A BRF surge com força, impulsionada pela fusão com a Marfrig.
Enquanto isso, Petrobras e Vale perdem espaço, afetadas por fatores setoriais e pelo contexto macroeconômico global.
No geral, o mercado comunica de forma clara: a liquidez da B3 é dinâmica, respondendo ao comportamento dos investidores, à conjuntura política e às estratégias das empresas. Neste momento, o Banco do Brasil é quem dita o ritmo.