O Ibovespa tem apresentado recordes consecutivos nos últimos dias devido à expectativa de que os juros americanos comecem a cair nesta quarta-feira (17). No entanto, analistas afirmam que este pode ser apenas o início de um rali na bolsa brasileira.
Um estudo da XP Investimentos informa que as ações brasileiras tiveram uma alta média de 32,1% nos 12 meses seguintes ao início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos. O retorno do Ibovespa em dólares foi de 41,2%.
Assim, a bolsa brasileira superou o retorno dos ativos de renda fixa (até 15,4%) e de outros países emergentes (26,64%) após a redução dos juros americanos. Analistas acreditam que essa tendência pode se repetir nos próximos anos.
Fed deve cortar juros nesta Super Quarta
O Fed (Federal Reserve) se reunirá nesta quarta-feira (17), e o mercado espera que o encontro resulte em uma redução dos juros americanos. Segundo o monitor FedWatch, 94% do mercado acredita em um corte de 0,25 ponto percentual, reduzindo a taxa para uma faixa entre 4,00% e 4,25%.
Além disso, analistas preveem espaço para mais dois cortes nos juros americanos até 2025. Se isso ocorrer, a atratividade dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos tende a diminuir, levando o mercado a buscar outras oportunidades de investimento, favorecendo os ativos de mercados emergentes.
O Brasil se beneficiará especialmente desse rali, pois, ao contrário dos Estados Unidos, deve manter os juros elevados por um período mais prolongado. O mercado espera que o Copom (Comitê de Política Monetária) mantenha a taxa Selic em 15% ao ano na reunião desta quarta-feira (17) e apenas comece a reduzir os juros em 2026.
Essa diferença entre as taxas de juros brasileiras e americanas atrai capital estrangeiro para a B3, levando à renovação de suas máximas históricas neste mês de setembro. Na terça-feira (16), o Ibovespa alcançou pela primeira vez os 144,5 mil pontos.
Neste contexto de juros e com a recente queda do dólar, empresas como a XP Investimentos projetam que o IBOV pode chegar a 150 mil pontos até o final do ano. Contudo, analistas alertam sobre riscos no caminho, como a possibilidade de os Estados Unidos reimporem sanções ao Brasil, o que poderia impactar especialmente os bancos brasileiros.
Quais setores brasileiros mais ganham com o corte de juros nos EUA?
Com a expectativa de que o Ibovespa continue a subir, a XP também analisou quais setores da bolsa brasileira tendem a se beneficiar mais com a redução dos juros americanos.
Setores relacionados a commodities apresentam um desempenho inferior antes do início dos cortes, mas reagem positivamente e superam os setores que dependem da economia doméstica assim que os juros começam a cair nos Estados Unidos.
Isso inclui os setores de papel e celulose, óleo e gás, mineração e siderurgia, que tiveram alta de até 10% nos 12 meses posteriores ao primeiro corte das taxas nos EUA, superando setores como bens de capital e propriedades comerciais.
Veja a seguir como os principais setores da B3 se comportaram após o início dos cortes de juros nos EUA, segundo a XP: