O Nepal, país asiático entre China e Índia, enfrenta um dos maiores protestos de sua história. O movimento começou após a proibição do uso de redes sociais em 2023, já resultando em mais de 50 mortos e mil feridos, além da renúncia do primeiro-ministro Sharma Oli.
Os manifestantes queimaram casas de políticos, vandalizaram prédios públicos e incendiaram pessoas vivas. A esposa do premiê, Rajyalaxmi Chitrakar, está em estado grave na UTI após ter seu corpo queimado. Essa situação levou à renúncia de Sharma Oli.
As manifestações são em sua maioria organizadas por jovens da geração Z, nascidos entre 1995 e 2010, que afirmam que os protestos foram aproveitados por políticos para causar destruição.
Mais de 25 pessoas foram presas e dezenas de armas foram apreendidas. O exército impôs um toque de recolher rígido.
O Nepal, localizado na Ásia Central, tem cerca de 30 milhões de habitantes e abriga o Monte Evereste, a montanha mais alta do mundo.
A política nepalense é de centro-esquerda, com um primeiro-ministro indicado pelo Partido Comunista. Com a renúncia de Oli e outros membros do governo, não há liderança no país no momento.
Os manifestantes da geração Z afirmam que a liderança do Nepal deve ser independente de partidos políticos tradicionais e escolhida por competência, integridade e qualificação.
Protestos são liderados por jovens que não aceitaram a imposição de censura das redes sociais no país (Imagem: Shutterstock)
Como tudo começou?
A juventude se opôs a uma nova legislação do governo que restringia o uso das redes sociais, com a proibição de dezenas de empresas, incluindo a Meta, controladora do WhatsApp e Instagram.
A proibição foi alegada como uma medida contra notícias falsas e fraudes online, embora esteja ligada a denúncias de corrupção recente. Isso gerou protestos em busca de mudanças.
Os protestos, organizados por redes sociais, rapidamente se espalharam pelo país. Além da luta contra a corrupção, pedem uma renovação política para melhorar a qualidade de vida da população, com o Nepal ocupando a 145ª posição no ranking da ONU, com um IDH de 0,622, classificado como médio.
Os protestos conseguiram depor o governo, mas resultaram em saques, mortes e depredação do patrimônio público, conforme relatado pela mídia local.
Em um dos dias mais intensos, milhares de detentos escaparam da prisão. A relação entre as fugas e os protestos ainda não é clara, mas os manifestantes afirmam que suas pautas foram sequestradas por políticos.
Rajaram Basnet, porta-voz do Exército, afirmou estar controlando aqueles que aproveitam a situação para saquear e causar incidentes, enquanto um organizador das manifestações sustentou que elas continuam sendo pacíficas, baseadas em princípios de engajamento cívico.
Suprema Corte no comando
Na sexta-feira, a presidente da Suprema Corte do Nepal, Sushila Karki, foi nomeada líder interina do país. Aos 73 anos, Karki é reconhecida por sua atuação na luta anticorrupção, mas não tem experiência política.
Em entrevista à afiliada da CNN no Nepal, Karki mencionou seu compromisso em estabelecer um novo recomeço para o país. Ela deverá prestar juramento em breve, assumindo as responsabilidades deixadas por Sharma Oli.
Os manifestantes concordaram em nomear Karki, dada sua atuação predecessora. Ela agora terá o poder de convocar eleições para definir o novo Chefe de Estado do Nepal, que deve ocorrer entre seis meses e um ano.