O governo dos Estados Unidos ameaçou agir em resposta ao julgamento que condenou o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) à prisão por golpe de Estado.
“Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas”, afirmou o secretário de Estado americano, Marco Rubio, em nota divulgada nas redes sociais após a conclusão do julgamento de Bolsonaro no STF (Supremo Tribunal Federal).
Com um placar de 4×1, a Primeira Turma do STF condenou o ex-presidente e sete de seus aliados por golpe de Estado e outros quatro crimes.
Considerado o líder de uma organização criminosa que teria tentado executar um golpe em 2022, Bolsonaro recebeu a maior pena do julgamento: 27 anos e 3 meses de prisão, além de 124 dias de multa (cada dia equivale ao valor de dois salários mínimos).
Marco Rubio descreveu a decisão como “injusta” e criticou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, que foi o relator do processo e o primeiro a votar pela condenação de Bolsonaro.
“As perseguições políticas do violador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam”, escreveu o secretário americano.
Trump: “É muito ruim para o Brasil”
Antes da declaração de Rubio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou a sentença de Bolsonaro e declarou que o resultado do julgamento era “muito ruim para o Brasil”.
“Estou muito insatisfeito com isso. […] Muito terrível. Acho que é muito ruim para o Brasil”, afirmou Trump nas redes sociais, considerando Bolsonaro um homem “correto” e “muito notável”.
Trump mencionou o julgamento de Bolsonaro na comunicação em que impôs uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. O governo americano também suspendeu os vistos de ministros do STF e aplicou sanções ao ministro Alexandre de Moraes pela Lei Magnitsky.
A Lei Magnitsky prevê sanções como bloqueio de bens e contas bancárias, afetando especialmente as operações dos bancos brasileiros, incluindo o Banco do Brasil (BBAS3), que tem Moraes como cliente.
Há preocupação no mercado com a possibilidade de os Estados Unidos imporem novas sanções ou tarifas ao Brasil após a condenação de Bolsonaro. O governo brasileiro, por sua vez, indicou que não será intimidado pelas ameaças.
Itamaraty reage
O Itamaraty declarou, em nota publicada nas redes sociais, que “ameaças como a realizada hoje pelo Secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, em um manifesto que ataca a autoridade brasileira e ignora os fatos e as contundentes provas do processo, não intimidarão a nossa democracia”.
“Continuaremos a defender a soberania do País contra agressões e tentativas de interferência, venham de onde vierem”, acrescentou.
O Itamaraty apoiou o resultado do julgamento de Bolsonaro, afirmando que “as instituições democráticas brasileiras deram sua resposta ao golpismo”.
Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) havia dito que não teme novas sanções e indicou que pode reagir a eventuais punições americanas.
“É arrogância dele [Trump] não querer que a Justiça brasileira julgue alguém que cometeu um crime. O presidente de um país não pode interferir nas decisões de outro país soberano. Se ele vai tomar outras atitudes, é um problema dele”, declarou, em entrevista à “Band”.
Veja o post do Itamaraty: