A inflação oficial brasileira foi de -0,11% em agosto, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgados na quarta-feira (10).
Esse resultado encerra um ciclo de 11 meses com preços em alta. Porém, ele superou as expectativas do mercado, que previa uma queda de 0,15%, e pode ser temporário.
A deflação em agosto foi impulsionada em grande parte por um fator não recorrente: o bônus de Itaipu, que proporcionou um desconto na conta de luz, mas não terá o mesmo efeito em setembro.
A redução nos preços dos alimentos e combustíveis contribuiu para esse resultado, juntamente com a pressão dos juros altos. Entretanto, as expectativas do mercado indicam que a inflação pode voltar a subir em setembro.
Dados do IBGE corroboram essa percepção. O índice de difusão da inflação – que mostra a porcentagem de subitens que aumentaram de preço – subiu de 50% para 57% entre julho e agosto.
André Perfeito, economista, comentou: “Ao analisarmos os dados, é evidente que os elementos mais sensíveis à taxa de juros, ou seja, relacionados à atividade econômica, continuam persistentes. Não houve piora nesse aspecto, mas também não podemos afirmar uma melhora.”
Conforme o Boletim Focus, o mercado projeta uma inflação de 4,85% para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) em 2025, que supera a meta de inflação do Banco Central de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5% a 4,5%.
Embora a inflação tenha registrado uma queda de 0,11% em agosto, ela acumula um aumento de 5,13% em 12 meses. No ano, o IPCA já subiu 3,15%, segundo o IBGE.
Por isso, a maioria dos analistas acredita que os juros só retornarão a cair em 2026, com a taxa Selic atualmente em 15%.
IPCA de agosto
Segundo o IBGE, cinco dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados apresentaram deflação em agosto. Os grupos de habitação, alimentação e bebidas, e transportes se destacam.
A inflação na habitação caiu 0,90%, o menor índice para um mês de agosto desde o Plano Real, impulsionada pelo bônus de Itaipu, que reduziu os preços da energia elétrica residencial em 4,21% no mês.
A categoria de alimentação e bebidas teve uma diminuição de 0,46%, refletindo especialmente a queda nos preços de produtos como tomate (-13,39%), batata-inglesa (-8,59%), cebola (-8,69%), arroz (-2,61%) e café moído (-2,17%).
O grupo de transportes apresentou uma deflação de 0,27%, devido à queda nos preços dos combustíveis (-0,89%) e nas passagens aéreas (-2,44%).
Em contrapartida, os gastos com educação (0,75%) e despesas pessoais (0,40%) aumentaram, influenciados por itens como os cursos de ensino superior (1,26%) e os jogos de azar (3,60%).
Veja como os grupos do IPCA se comportaram em agosto:
- Habitação: -0,90%;
- Alimentação e bebidas: -0,46%;
- Transportes: -0,27%;
- Artigos de residência: -0,09%;
- Comunicação: -0,09%;
- Despesas pessoais: 0,40%;
- Saúde e cuidados pessoais: 0,54%;
- Vestuário: 0,72%;
- Educação: 0,75%.