Durante vários meses, a venda do Banco Master para o BRB (BSLI4) esteve em evidência na mídia. A operação foi considerada arriscada por muitos analistas, mas era vista como uma solução para uma possível crise de pagamentos da instituição financeira.
Na semana passada, o Banco Central decidiu vetar o negócio entre os dois bancos. Diversos cenários foram analisados, e a megaoperação Carbono Oculto da Polícia Federal, realizada no final do mês passado, foi um fator determinante para essa decisão.
Investigações de órgãos como o Ministério Público indicavam que gestoras de investimentos estavam sendo usadas para lavar dinheiro do crime organizado. A Reag Investimentos (REAG3), que gerenciava quase todos os fundos do Master, foi uma das empresas citadas nesse contexto.
No documento divulgado pelo Banco Central, não foram especificados os motivos que levaram os diretores a não aprovar o acordo. Entretanto, conforme noticiado pelo Valor, a operação foi considerada um “golpe final”, embora nenhum membro do Master tenha sido implicado nas investigações ou mencionado nos documentos.
Antes, um deputado distrital de Brasília já havia solicitado ao Banco Central que interrompesse a operação de M&A, alegando que o dinheiro público do BRB, que é estatal, não poderia ser destinado a fins questionáveis. Com a decisão do Banco Central, o BRB afirmou que não seguiria com a transação.
Nos últimos anos, o Banco Master ganhou notoriedade devido aos títulos privados que oferecia aos investidores, os quais pagavam taxas superiores à média do mercado. Após levantar um volume significativo de recursos, muitos analistas começaram a questionar as finanças do banco.
Havia a percepção de que os títulos em circulação superavam consideravelmente o patrimônio líquido da instituição. Nesse cenário, caso houvesse uma quebra, o FGC (Fundo Garantidor de Crédito) seria responsável por ressarcir os investidores, embora o montante representasse quase metade do que estava disponível em caixa.
Com a negativa da venda, a situação futura no mercado é incerta. Há um alerta sobre 13 fundos de pensão que podem enfrentar perdas de até R$ 3 bilhões por estarem expostos a Letras Financeiras emitidas pelo Banco Master.
Esses ativos não possuem cobertura do FGC, o que significa que os investidores não teriam direito a reembolso em caso de falência. Essa questão se estende também ao Banco da Amazônia, que possui R$ 40 milhões investidos nos mesmos títulos.
Nesta segunda-feira (8), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), enfatizou que a decisão do Banco Central compromete todo o sistema financeiro nacional. “Acho que quanto antes o Banco Central esclarecer isso, melhor para que o BRB avalie se irá seguir adiante com o negócio, se desistirá e, em caso de desistência, se outra instituição, seja privada ou pública, tem interesse em adquirir esse capital”, afirmou o governador.