O governo Lula (PT) planeja eliminar a tarifa do transporte público em 2026, com o objetivo de auxiliar os trabalhadores e apoiar a campanha à reeleição.
A proposta não foi bem recebida pelo mercado financeiro, devido ao seu impacto fiscal. Por isso, o Ibovespa registrou queda e o dólar subiu nesta terça-feira (7).
O principal índice da B3 caiu mais de 1%, perdendo o patamar de 143 mil pontos e se aproximando do nível de 142 mil pontos.
Às 12h50, o Ibovespa estava em queda de 1,45%, marcando 141.528 pontos, o menor nível em aproximadamente um mês, enquanto o dólar subiu 0,57%, sendo negociado a R$ 5,34.
Risco fiscal
O mercado reage negativamente à proposta devido a incertezas sobre a capacidade do governo em cumprir a meta fiscal, que prevê um superávit primário de 0,25% do PIB em 2026.
O governo esperava que a MP (Medida Provisória) que altera a tributação de investimentos, bets e fintechs aumentasse a arrecadação e ajudasse a cumprir a meta fiscal. No entanto, essa MP ainda está passando por ajustes no Congresso Nacional e pode perder a validade.
Devido à resistência à proposta, o relator da MP, deputado Carlos Zarattini (PT-SP), decidiu manter a isenção dos títulos de renda fixa e optou por não aumentar os impostos sobre as bets, propondo apenas a cobrança retroativa do tributo.
Ainda assim, os parlamentares não chegaram a um acordo sobre o texto. A Câmara e o Senado precisam aprovar a MP até essa quarta-feira (8); caso contrário, ela perderá a validade.
Tarifa zero
Apesar do impasse, a proposta de tarifa zero para o transporte público ganhou força no governo nos últimos dias.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (6) que a equipe econômica está realizando uma “radiografia do setor a pedido do presidente Lula” para avaliar a viabilidade da iniciativa.
“Ele [Lula] sabe que esse tema é relevante para os trabalhadores, para o meio ambiente e para a mobilidade urbana”, disse Haddad.
Em entrevista à “Record”, ele destacou que a tarifa zero deve ser uma bandeira importante na campanha de reeleição de Lula no próximo ano.
Entretanto, a visão do mercado é que essa medida pode aumentar as despesas ou reduzir ainda mais a receita do governo, aumentando o risco de descumprimento da meta fiscal, o que explica a reação negativa na bolsa nesta terça-feira (7).
O que mais mexe com o Ibovespa?
Além da questão fiscal, o mercado acompanha as negociações que buscam reverter o tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.
Os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump discutiram o assunto por telefone nesta segunda-feira (6) e já planejam uma nova conversa, desta vez presencial.
“Nós gostamos um do outro e tivemos uma ótima conversa. Vamos começar a fazer negócios”, comentou Trump, demonstrando disposição em receber Lula nos Estados Unidos e em visitar o Brasil.
Nos Estados Unidos, as bolsas também estão em queda nesta terça-feira (7), com analistas atentos ao shutdown que afeta a operação de serviços públicos e à divulgação de dados econômicos no país.
Cenário corporativo
No cenário corporativo, destaque para a MRV (MRVE3), que caiu mais de 10%, refletindo a prévia operacional do terceiro trimestre de 2025.
A Ambipar (AMBP3) continua a enfrentar queda significativa, em meio a incertezas sobre a saúde financeira da empresa.
Os bancos, além da Petrobras (PETR4) e da Vale (VALE3), também não contribuíram para a recuperação do Ibovespa nesta terça-feira (7).
Entre as poucas ações em alta na bolsa brasileira, destacam-se GPA (PCAR3) e Weg (WEGE3).