A China é o maior comprador de soja em todo o mundo. Quase 10 toneladas do item chegam todos os meses em seus portos, quantidade que vem aumentando nos últimos meses.
Devido à grande expansão, a disputa pelo comércio asiático é significativa, mas está restrita a poucos países. Nesse cenário, um agente importante tem perdido espaço no envio de soja à China: os Estados Unidos.
A queda na importação chinesa é tão expressiva que fez os agricultores norte-americanos reclamarem junto ao governo de Donald Trump. Além de mencionarem uma possível retaliação em relação às tarifas dos EUA, afirmam que o Brasil tem tomado a maior parte das commodities que antes eram enviadas por eles.
“Setembro está chegando. A colheita está começando no sul profundo, e não temos nenhum bushel de soja registrado para vender à China nesta safra que está prestes a sair do campo”, disse um agricultor à imprensa.
A China é um dos países que organizam as compras com antecedência para obter negociações mais vantajosas. No entanto, não há nenhum quilo sequer de soja encomendado para os próximos meses, conforme destaca um documento do Departamento de Agricultura dos EUA.
O cenário preocupa os produtores dos EUA, que trabalham com base no calendário de safras, que vai de setembro a janeiro do ano seguinte. No ano passado, neste mesmo período, as reservas da China já haviam superado a marca de 12 milhões.
“Façam da soja uma prioridade em quaisquer negociações comerciais que estejam ocorrendo. A soja é a principal exportação agrícola para a China. Na última guerra comercial, ela representou 71% das perdas que tivemos como agricultores americanos”, destacou outro produtor.
No ano passado, Brasil e Estados Unidos foram os dois maiores exportadores de soja para Pequim. O país latino ficou com 71% dos envios, enquanto o norte-americano foi responsável por 21% dos envios.
No contexto da guerra comercial, o Brasil tem conquistado grande parte da demanda que antes era direcionada ao norte do continente. Somente neste ano, foram mais de 86 milhões de toneladas enviadas, número que representa 76% do total previsto para todo o ano de 2025.
Soja mais cara
Não há informações de que o governo chinês ou as empresas tenham fechado seu mercado para as importações dos EUA. Segundo o calendário do país, as empresas ainda podem fazer pedidos nos próximos meses, até que a safra seja concluída, o que só acontece no início do próximo ano.
Apesar disso, há preocupação em relação aos produtos, cuja demanda é direcionada exclusivamente para a China. “Se fosse um cenário normal, estaríamos embarcando 15 cargas por semana”, comentou outro produtor de soja.
O preço da soja americana no mercado internacional supera o praticado pelo agronegócio brasileiro. Atualmente, Washington vende seus itens por uma média de US$ 0,85 por bushel.
A tarifa de importação imposta pela China para produtos que chegam dos EUA aumenta o custo para até US$ 2. Diante disso, os produtores buscam opções mais baratas que possam oferecer o mesmo valor agregado.
De acordo com especialistas, os EUA devem reduzir ainda mais suas estimativas para as exportações de soja deste ano. Hoje, a soma está fixada em 46,4 milhões de toneladas, já abaixo do que foi projetado anteriormente, quando o país previa o envio de mais de 52 milhões ao exterior.