
Em entrevista exclusiva ao Suno Notícias, o diretor de P&D Luiz Palhares e o CFO Fábio Feigli detalharam a guinada estratégica iniciada em 2018. O que antes era uma operação concentrada em desktops e notebooks hoje se tornou um ecossistema diversificado, em que quase 30% da receita já vem de novas frentes — como servidores de alto desempenho voltados à inteligência artificial, serviços de gestão de TI, maquininhas inteligentes e segurança eletrônica. “Costumo dizer que vamos do PC aos servidores de supercomputação”, afirmou Palhares.
A nova estratégia da Positivo (POSI3)
A virada inclui o modelo de hardware as a service (HaaS), em que a empresa passa a alugar equipamentos — como notebooks, tablets, servidores e máquinas de pagamento — em contratos de até 60 meses. A estratégia traz previsibilidade e fidelização, convertendo vendas pontuais em receitas recorrentes. Essa abordagem se soma a três pilares de atuação: consumo (varejo tradicional), corporativo (serviços e infraestrutura B2B) e setor público, onde a companhia mantém forte presença em licitações e fornecimento de equipamentos. O segmento corporativo, até então pequeno, tornou-se o motor de expansão e o principal impulsionador de margens.
Segundo Feigli, a empresa mantém alavancagem pouco acima de 2x EBITDA e caixa de cerca de R$ 700 milhões, com dívida de baixo custo e bem gerida. “A alavancagem subiu por uma questão sazonal, mas o crescimento do EBITDA deve reduzir naturalmente a dívida líquida”, explicou. Com uma estrutura de capital sólida, a Positivo reforça a disciplina financeira em um cenário de juros elevados, buscando equilíbrio entre expansão e retorno ao acionista.
O futuro da empresa e a integração da S+
A companhia também reforçou sua competitividade frente a gigantes globais. Palhares destacou o conhecimento do mercado brasileiro e a agilidade na customização de produtos como diferenciais. “Temos flexibilidade para adaptar nossos produtos às demandas locais e uma marca de confiança reconhecida pelo consumidor e pelas empresas”, disse.
O avanço mais simbólico veio com a aquisição e integração da Positivo S+, braço de serviços de TI. Com o M&A concluído, a empresa passou a oferecer uma plataforma completa de infraestrutura, cobrindo desde o dispositivo do usuário até o data center e a nuvem. Essa integração abre espaço para cross-sell, em que clientes de serviços passam a comprar hardware e vice-versa. A empresa deve iniciar projetos-piloto ainda este ano, com potencial de elevar receita e margem em 2026.
Mesmo em meio à expansão, a Positivo (POSI3) mantém histórico de pagamento de dividendos acima do mínimo legal e deve continuar avaliando a melhor equação entre reinvestimento e distribuição. “À medida que o lucro refletir os resultados da estratégia, continuaremos olhando para o investidor”, reforçou Feigli.