O Itaú BBA reafirmou nesta semana sua confiança na 3tentos (TTEN3), destacando a companhia como sua principal escolha (top pick) no setor de agronegócio.
Após visita técnica à planta industrial da empresa em Ijuí (RS), o banco revisou seu preço-alvo de R$ 18 para R$ 20 por ação no final de 2026 — o que representa um potencial de valorização de 48,8% em relação ao fechamento atual dos papéis.
De acordo com os analistas Gustavo Troyano, Bruno Tomazetto e Ryu Matsuyama, a decisão reflete a capacidade comprovada da 3tentos de “navegar em águas turbulentas”, mesmo em um ambiente de desaceleração no setor agrícola e de pressão sobre margens.
“Esse teste de estresse evidencia a resiliência do modelo de negócios da 3tentos e permanece como um dos pilares centrais de nossa posição construtiva sobre a empresa”, escreveram os analistas em relatório.
Modelo integrado garante robustez
O Itaú BBA destaca que o modelo de negócios integrado da 3tentos — que combina varejo de insumos agrícolas, comercialização de grãos e esmagamento — é um dos principais diferenciais da companhia.
Essa estrutura, segundo o banco, garante escalabilidade e resiliência, permitindo que a empresa mantenha crescimento sustentável mesmo em períodos de turbulência no agronegócio gaúcho.
A integração entre os elos da cadeia também dá à 3tentos flexibilidade operacional para ajustar margens conforme as condições do mercado, além de fortalecer o relacionamento com produtores rurais.
Outro ponto ressaltado pelos analistas é a estrutura de crédito e incentivos da companhia, que garante alinhamento de longo prazo com os agricultores e reduz riscos de inadimplência em tempos de adversidade.
“A capacidade da 3tentos de sustentar crescimento apesar das pressões de preços de curto prazo permanece intacta”, reforça o relatório.
Varejo é o alicerce
Para o Itaú BBA, o varejo de insumos agrícolas segue sendo o pilar de estabilidade da 3tentos, enquanto a industrialização do etanol de milho e o mandato B15 — que eleva o percentual de biodiesel adicionado ao diesel — despontam como vetores de crescimento de médio e longo prazo.
O banco mantém inalteradas suas premissas para o segmento de varejo, com o guidance de 100 lojas até 2030 e margens de longo prazo projetadas em 22%, nível considerado equilibrado entre os picos históricos e o cenário atual.
No curto prazo, os analistas preveem lucros limitados na cadeia de suprimentos até 2026, reflexo do ciclo de desaceleração do agro.
Ainda assim, há potencial estrutural de valorização, especialmente à medida que a 3tentos expande suas lojas para o Mato Grosso, região de forte demanda e margens superiores.
“O deslocamento da base de lojas para o Centro-Oeste deve elevar as margens brutas acima das médias históricas, refletindo maior eficiência operacional”, avaliam.
Projeto de etanol de milho acelera
O projeto de etanol de milho é apontado pelo Itaú BBA como um dos principais motores de expansão da companhia. A capacidade instalada deve crescer para cerca de 70% em 2026, alcançando pleno potencial no mesmo ano, com suporte de posicionamento estratégico em regiões com abundância de milho e biomassa garantida.
Os analistas afirmam que o negócio está bem posicionado para capturar os ventos favoráveis do mandato B15, que deve aumentar a demanda por biocombustíveis, e para aproveitar margens de esmagamento saudáveis.
“Combinados aos ventos favoráveis do B15 e margens firmes, esses fatores reforçam nossa visão otimista sobre a 3tentos”, diz o relatório.
Valuation e perspectiva
Com o novo preço-alvo de R$ 20 por ação até o fim de 2026, o Itaú BBA vê upside de 48,81% em relação às cotações atuais, mantendo recomendação “outperform” (desempenho acima da média).
A tese está ancorada em três pilares principais:
- Modelo integrado e resiliente, que assegura previsibilidade operacional;
- Diversificação geográfica e de receita, reduzindo riscos climáticos e regionais;
- Expansão industrial via etanol de milho e mandato B15, que deve elevar as margens e o retorno sobre o capital investido.
“A 3tentos segue bem posicionada para crescer com rentabilidade e resiliência, mesmo em um ambiente desafiador para o agronegócio. Vemos o modelo integrado como um diferencial competitivo duradouro”, conclui o Itaú BBA.