Mesmo em um setor historicamente pouco volátil, a ação da Neoenergia (NEOE3) tem surpreendido em 2024. O papel acumula valorização de cerca de 40% no ano, desempenho que superou o Ibovespa e também o índice setorial de energia elétrica (IEE).
Apesar do rali, o Banco Safra decidiu adotar uma postura mais cautelosa.
Em novo relatório, os analistas da instituição rebaixaram a recomendação da ação de compra para neutra, estipulando um preço-alvo de R$ 31,30, o que ainda representa um potencial de valorização de 15%.
A avaliação também se estende à CPFL Energia (CPFE3), que manteve sua recomendação neutra.
Segundo Daniel Travitzky, analista do Safra, os fundamentos da Neoenergia continuam sólidos, mas os valores atuais de negociação se distanciaram da média histórica, o que exige mais prudência na alocação.
“Com essas TIRs, acreditamos que há opções mais baratas no setor”, afirmou o especialista.
Valuation exige cautela, mesmo com fundamentos positivos
Parte da forte valorização das ações da Neoenergia está atrelada à expectativa de uma OPA (Oferta Pública de Aquisição), após a espanhola Iberdrola adquirir a fatia de 30,29% da Previ por R$ 32,50 por ação, totalizando cerca de R$ 11,95 bilhões.
A transação ampliou a participação da empresa europeia e elevou a especulação sobre uma oferta pelo restante do free float, que corresponde a 16,2% do capital da companhia.
Contudo, o Safra adotou uma visão cautelosa sobre esse possível gatilho, destacando que ainda há incertezas em torno do evento e de suas condições.
Apesar disso, o banco elenca avanços relevantes na companhia entre 2020 e 2024:
- Crescimento do Ebitda a uma taxa composta (CAGR) de 21%;
- Redução de custos operacionais;
- Expansão do RAB (base de ativos regulatórios) para R$ 37,7 bilhões;
- Manutenção da qualidade dos serviços dentro dos padrões regulatórios, com limitação de perdas técnicas.
O que pode movimentar as ações daqui para frente
Entre os potenciais catalisadores para os papéis da Neoenergia, os analistas destacam a eventual venda de ativos de transmissão ao fundo GIC, a redução do nível de alavancagem e os créditos tributários de PIS/COFINS, que podem impactar positivamente os resultados.
Ainda assim, os múltiplos da empresa indicam um nível mais esticado em relação à sua média histórica.
Atualmente, a ação negocia a um múltiplo EV/Ebitda de 6,2x, contra a média de 5,6x, enquanto o preço sobre lucro (P/L) está em 11,1x, também acima da média de 6,5x.
Com esses dados, o Safra conclui que, embora a Neoenergia continue sendo uma empresa robusta, outros nomes no setor elétrico podem oferecer um ponto de entrada mais atrativo no momento.