Nesta quinta-feira (9), os Estados Unidos anunciaram um acordo de US$ 20 bilhões com a Argentina, em uma espécie de swap cambial. A decisão do governo de Donald Trump chega como um aceno ao seu parceiro Javier Milei, que está inundado por uma crise política e econômica no país latino.
O anúncio do acordo foi feito pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bressent, com o objetivo de controlar a falta de liquidez de dólares na Argentina. A troca de moedas se dará como um empréstimo ao país, que poderá usar o valor para aumentar suas reservas, atualmente em um nível muito baixo.
“A Argentina enfrenta um momento de aguda iliquidez. A comunidade internacional está unida em apoio à Argentina e à sua prudente estratégia fiscal, mas somente os Estados Unidos podem agir rapidamente. E agiremos”, disse Bressent.
“Para isso, hoje compramos diretamente pesos argentinos. Além disso, finalizamos uma estrutura de swap cambial de US$ 20 bilhões com o Banco Central da Argentina. O Tesouro dos EUA está preparado, imediatamente, para tomar quaisquer medidas excepcionais que se mostrem necessárias para estabilizar os mercados”, completou.
Logo depois do anúncio, o peso argentino registrou uma diminuição na cotação frente ao dólar norte-americano, mas ainda se manteve acima dos 1.400 pesos para cada unidade da divisa. Na manhã desta sexta-feira (10), a cotação era de 1.400 na versão oficial e de 1.475 na paralela, também chamada de blue.
Por meio das redes sociais, Milei agradeceu ao governo dos EUA pela ajuda e disse que Trump tem uma visão de liderança poderosa. “Juntos, como os aliados mais próximos, construiremos um hemisfério de liberdade econômica e prosperidade. Trabalharemos arduamente todos os dias para proporcionar oportunidades ao nosso povo”, escreveu.
Apoio explícito
Muitos dos analistas argentinos receberam a notícia como um apoio mais do que explícito de Trump ao governo de Milei. Isso porque acordos como esse são feitos apenas com países que têm moedas fortes, caso do iene japonês.
Em entrevista ao jornal argentino La Nación, Amílcar Collante, da Profit Consultores, destaca que um empréstimo seria uma importante ferramenta para a economia argentina, mas a compra direta de pesos tem ainda mais relevância. Por isso, a operação pode ser recebida como uma vitória pela equipe da Casa Rosada.
“Um swap ou um crédito que eliminasse o risco de inadimplência teria um impacto na renda fixa, mas a Argentina tinha um problema com o esquema de taxa de câmbio. Além disso, veio em um momento muito crítico, quando o Tesouro argentino já havia ficado sem dólares e inevitavelmente começaria a usar os do Banco Central emprestados pelo Fundo Monetário Internacional”, disse ele.
Na última quarta, as reservas internacionais brutas de Buenos Aires eram de apenas US$ 136 milhões. O governo argentino precisou fazer sucessivas vendas de dólares no mercado para controlar a cotação e manter a divisa dentro de uma faixa estabelecida no começo do ano.